7.1.08

maus hábitos

foi a minha primeira saída depois da nova lei sem fumo. os maus hábitos - o melhor bar do porto, já o disse mil vezes - optou por criar um espaço para fumadores e garantir que quase toda a sua extensão fosse livre de tabaco. o resultado é impressionante. habituado que estava a ficar impestado de mau cheiro e com os olhos a arder, acabei encantado com a limpeza do lugar, um bem estar que, de facto, custa a reconhecer na noite portuguesa. eu sei que fumar é um vício e tal e coisa mas, fumadores vão-se lixar. tenho trinta e seis anos e uns pulmões do raio porque sempre fui contaminado pelos outros. se querem viver debaixo de nuvens negras façam-no sozinhos. é que até os fumadores - que por vezes lá iam à mijinha - voltavam e regozijavam com o ar tão precioso do salão. é curioso como ser fumador de repente ficou tão claramente ridículo. eles ali postos de lado, sem poderem simplesmente estragar tudo à nossa beira, enquanto a malta curte à vontade. é um bocado duro, sim, mas é talvez do que se precisa para que portugal não seja continuamente um país onde aumenta o número de fumadores e de cancros no pulmão. talvez seja necessário que as pessoas sintam que a festa acaba em cada dez minutos que param para fumar, para que entendam que arriscar a saúde delas e dos outros dessa forma não pode ser senão uma coisa triste - daí o canto da mija, tão parecido com o que vemos aqui e acolá com a brigada da seringa, muito muito foleiro

16 comentários:

  1. como tudo que proibe é polémico. não gosto de proibições. deviam reformular a coisa, tipo: livre de fumo - pra tornar a coisa mais doce. as liberdades são tramadas e muito complicadas. eu percebo a vontade e o vício (até pq já fumei) mas mesmo nessa altura percebia que era eu que me estava a intrometer na liberdade dos outros, ou seja dos não fumadores. quero que passe janeiro e as frequências para ir pra noite dançar, livre de fumo. veijos e saudades*

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  2. Anónimo7/1/08 12:52

    Não me decidi ainda se temos de ser delicados ao segregar quem fuma. Por muito ou pouco representativa que seja a quantidade de fumadores resistentes, excomungá-los é virar a sociedade contra a sociedade. É nisto que somos bons desde que tivemos a bela ideia da agricultura, forçando-nos a tolerar os outros, quando isso é uma violência para nós: viver em sociedade.
    São os do benfica que são feios, são os da extrema direita que são feios, são os que conduzem carros verde alface que são feios, são dos que têm bigodes no nariz e pêlos a sair pela camisa que são feios, são os fumadores que são feios.
    Aplaudo o esforço constante da sociedade para purgar os males, complacente aqui e acolá com alguns primatas (Barrancos, por exemplo, muito mau exemplo, tanto quanta a quantidade de complacência...), o que não acredito é que fumar torne as pessoas mal-educadas, e - num repente - estar a tratá-las indignamente diz muito da nossa incapacidade de respeitar a diferença. Muito antes da irritação dos não-fumadores ter chegado ao ponto de erupção, lembro-me bem de conhecer fumadores bem-educados. Por isso, não aqui nenhuma solução que resolva a falta de boas maneiras. Depois dos fumadores vamos segregar os benfiquistas, ostracizar os cabeças rapadas da extrema esquerda, discriminar que conduz carros verde alface, repudiar os peludos, ser caridosos com os barranquenhos...

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  3. ó pop paulo, que trapalhada, não estás a ver bem a coisa, os meus amigos mais chegados até são fumadores, e chamo-lhes burros a toda a hora por isso mesmo. mas a ideia não passa por aí, a verdade é que um gajo gostar do benfica não afecta em coisa alguma o meu bem estar e a minha saúde. será que isto é tão difícil de entender? não vejo sequer qual a questão. parece-me miopia de um país que está agora a aprender algo. daqui a um ano não vai haver qualquer dúvida sobre esta questão. os fumadores não são indignos. o que é indigno é impôr aos outros os malefícios do tabaco e achar que se está a cumprir os ideais da liberdade. nada disso. ser livre é saber parar onde começa a liberdade dos outros. e e não quero fumar, nem activa nem passivamente.

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  4. valter, não posso concordar mais, contigo, respirar agora à noite tem outro sabor...;-)

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  5. Anónimo7/1/08 16:38

    Valter, uns breves pontos só:

    1. sou fumador e não quero matar ninguem (estranho?);

    2- sou adulto e conhecedor dos maleficios do tabaco;

    3- ainda assim, fumo e quero fumar.

    4- mas nunca prejudicar quem quer que seja.

    5. por isso, concordo com a parte da lei que proteje os não fumadores;

    6. mas contesto o acto higieno-fascista de quem me quer proíbir de fumar à força;

    7. conheço pessoas que diziam há meses "no meu corpo mando eu" e agora não me querem deixar fumar. acham que nao devo. acham que nem posso.

    8. e isso chateia-me. mesmo.

    9. só um exemplo deste fascismo (é siddo que se trata). Comboios: a) concordei quando tiraram os cigarros das viagens interurbanas;b) concordei qd tiraram a carruagem destiunada aos fumadores nos ALFA; c) mas, agora, condeno a filha da putice de tirem tirado o cinzeiro no pequeno local entre duas carruagens que lá havia. pergunto: porquê? beneficia a quem?

    se isto não é proíbir só para lixar a cabeça aos malditos fumadores, o que é isto então?

    e casos destes há aos montes. casos onde ninguem sai a ganhar. só os fumadores a perder. porque não têm direito. porque há fascistas que os proíbem de fumar.

    e como está na moda proíbir fumar, parece que ninguem questiona...

    HJ

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  6. bem, esta coisa do tabaco deve estar mesmo a chegar ao crime, porque quem se queixa já nem dá a cara.
    hj, não é nada estranho que não queiras prejudicar ninguém. é até normal que assim seja. no entanto, não me parece que estejas a ver as coisas pelo lado certo quando falas dos cinzeiros aqui ou acolá. a minha amiga isabel (fumadora até à quinta encarnação) tem um pequeno cinzeiro que leva sempre consigo. quando quer fumar abre a bolinha e usa-a. depois fecha e volta a guardar. não me parece que a ideia esteja em ser fascista e proibir. acho que está mais em ser coerente e não incentivar de modo algum. o problema é que em portugal estávamos habituados a que o acto de fumar fosse aceite em todo o lado, e era possível ver as melhores obras ostentarem nos melhores sítios magníficos cinzeiros que funcionariam como um convite. a sua retirada dirá apenas que o acto de fumar não é apoiado de modo algum pelo governo ou qualquer instituição de responsabilidade pública, isso não é fascismo, é coerência.

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  7. Anónimo7/1/08 16:57

    Valter, pressupor que quem fuma quer incomodar (e incomoda de facto e efeito) quem não fuma, sem excepções, é um exagero conveniente a uma argumentação que tens escondida?
    Há que distinguir as intenções (e as circunstâncias), os espaços livres de fumo são um conseguimento que vale à civilização dois passos em frente. Aplaudo de pé e, de tão feliz, beijo todas as desconhecidas que passam, bonitas e feias.
    Agora... maltratar os fumadores (os "teus" burros, os ridículos, os alienados, os suicidas e assassinos) é um vergonhoso passo atrás.
    Eu sei que o resultado de somar dois e subtrair um continua a ser o de um passo em frente, mas o passo atrás é odioso.

    Repara bem, estou contigo quanto ao incómodo do fumo (esclareço: já fumei cigarros, agora não os suporto, embora suporte com ´muito prazer tabaco cubano) mas acho indigno meter os fumadores no caixote do lixo.

    Metê-los no lixo ou num ghetto, enquanto os príncipes-mais-que-perfeitos estão na sala de jantar a mostrar os dentes e os linhos brancos, premindo as teclas dos seus Mac's portáteis, alvos como seios quem nunca viram o sol, quais almirantes nas suas constantes galas, bebendo Martinis sem álcool, enchendo bem o peito de ar puro para declamar e cantar afinadinhos, e o protocolo todo reguladinho, enfim, exagero nesta direcção agora, mas este cenário só pode ser conseguido com o talento de um fascista.

    Separei os bugalhos?

    Estou errado? É um direito que tenho.

    Pop Paulo (.G)

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  8. Anónimo7/1/08 17:49

    conheço fumadores extremamente civilizados e cujo vício acaba por nem incomodar, pelo esmerado cuidado que têm. mas nem todos se comportam assim.
    estas leis inventam-se pela enorme falta de civismo de alguns fumadores que não percebem realmente onde termina a sua liberdade, pegando no que disseste algures num comentário aí em cima.
    portanto só posso concordar com tudo o que foste dizendo, sou não fumadora e gostava de chegar a velhota com uns bons pulmões - porque a verdade é que mereço.

    francisca pereira

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  9. Anónimo7/1/08 17:57

    Agora que vejo as novas entradas, o fascismo que introduzo no final é de um teor mais higieno-sanitário, até me atropelo e contradigo pois sou um antiséptico profissional. Não no sentido de tiranete com aspirações arianas. Pode até advir um inverno desses, nunca faltam candidatos à bestialidade.

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  10. Anónimo7/1/08 18:16

    olé. está aceso isto aqui e eu não podia concordar mais contigo querido valter.
    inês subtil

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  11. pois o que eu posso dizer é que agora cada cigarrinho tem o sabor do verdadeiro vício e por isso sabe ainda melhor :))

    mas o que eu gostava mesmo era que alguém se dignasse regular os décibeis das conversas e gargalhadas da malta das mesas do lado e as birras esganiçadas dos putos, entre outras coisas que afectam a minha saúde mental.

    bem vou lá fora inalar o fumo de um qualquer cano de escape e contemplar as águas lodosas do rio Leça.

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  12. valter, acho-te sensível e inteligente...

    por isso chateia-me, mais em ti, do que em muitos outros, que "fujas", "recuses" ou apenas não "entendas" o que aqui está em causa.

    que não é o incómodo que a minha escolha te possa causar, mas a proibição das minhas escolhas.

    a lei que me impede, desde dia 1, de fumar na sala própria, com extracção e janelas, que havia no meu local de trabalho - onde não incomodava ninguém excepto quem, como adulto responsável e crítico lá quisesse entrar -, e me obriga a sair à rua, para lá do portão da escola para fumar um cigarro é violenta, impositiva e moralista.

    e tu bem sabes como isso de impor a moral pode ser perigoso...

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  13. bem malta, vamos lá ver, não disse que defendia em toda a linha esta lei, ou que ela não comporta um apertão eventualmente exagerado. isso de retirarem a hipótese de se criarem espaços específicos pode ser polémico, mas volto a dizer o mesmo, querendo o estado combater o tabagismo não seria lógico criar esses guetos dentro das suas instituições.
    se quer combater, não compactua de modo algum. é tão claro quanto isto. se não quero que fumem em minha casa, não coloco cinzeiros. e convenhamos que uma escola, em tudo, deve ser exemplar.
    não considero que seja moralista encarar o tabaco como um mal que deve ser evitado. porque é notoriamente um mal e deve notoriamente ser evitado.
    e não me parece que lucidamente se possa acusar o estado de perseguir os fumadores para se divertir, porque sabemos que o interesse do estado estaria mais no sentido de incentivar o fumo, uma vez que domina a tabaqueira. pela primeira vez em muito tempo vejo um governo a levar adiante uma série de medidas que manifestamente só assentam na tentativa de melhoria da saúde pública. em última análise, podemos considerar que poupará em consultas e tratamentos de cancros e outros malefícios causados pelo tabaco, mas com certeza não poupará o equivalente ao que perde com a redução drástica do consumo que já se verifica e se acentuará. é inegável que com a trabalheira de sair portão fora para fumar muitos dos fumadores já reduziram o consumo, até pela falta de tempo de estarem, constantemente, percorrer o caminho até à rua. sim, isso é o que a lei quer. que fumar seja de facto um acto desapoiado, para o qual o fumador terá de se subsidiar em todos os sentidos

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  14. valter,

    o que nos separa, então, é essa ideia que o estado tem o direito de regular a vida privada. sejam os hábitos culturais, sociais, sexuais ou vícios,
    eu acho que não!
    no máximo tem apenas o direito de regular as minhas acções, quando elas interferem com os outros. no caso da presente lei ultrapassa claramente isso. a intenção é criar o "homem-novo" - asséptico, saudável e produtivo.
    já vi este filme, e os resultados não foram muito bons...

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  15. Anónimo9/1/08 02:22

    depois de toda esta discussão, o mais importante é não nos esquecermos de que vamos todos morrer, quer sejamos fumadores ou não fuma(dores)

    bruno

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  16. gosto particularmente desta brilhante conclusão do anónimo bruno.
    é uma boa verdade para fumadores e não-fumadores. o que não desculpa os poluidores do ar...

    só tenho medo desta falsa noção de mundo asséptico. ar-condicionado e tubo de escape limpinho com filtros branquinhos..copinhos de plástico e fins.

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