30.12.07

uma vez que o telemóvel não está a dar e o msn menos ainda, venho por este meio dizer-te que te amo e mandar-te um beijo de até já

segundo grande concurso incrivelmente fabuloso casadeosso

proposta de joão martinho moura
regulamento aqui

segundo grande concurso incrivelmente fabuloso casadeosso

proposta do antónio duarte
regulamento aqui

foi assim

foi assim

foi assim

foi assim

foi assim

foi assim

29.12.07

vir de londres

o regresso de uma cidade como londres tem sempre de se revestir de um certo dramatismo. não é fácil abandonar um lugar assim para voltarmos ao pacato recanto que nos espera. tudo é pacato comparado com londres, claro. e as excepções que serão nova iorque ou berlin, para os efeitos culturais que mais me interessam, servem só para me convencer de que, de todo o modo, vila do conde é o rabinho do mundo e que as avenidas mais largas da praia, hoje, me oprimem de tão exíguas para as vontades ainda efervescentes. há sempre mais um avião mas, enquanto não passarmos das nuvens, custa deixar o sonho começar. enfim. resta estabelecer com a dureza da realidade um pacto de silêncio e, depois desta queixa, encarar com calma a calma dos dias que seguem

26.12.07

hoje

londres. até daqui a uns dias

24.12.07

feliz natal a todos,
com ou sem religião,
e que a prenda seja
a reunião entre pessoas que se amam

15.12.07

é natal


eva, és tão querida que fico sempre com a sensação de que não mereço os teus cuidados. deste-me o mais belo e saboroso postal de natal. de coração. vai ser esta a minha imagem para as festas, contigo muito perto do meu coração. muito obrigado. se eu fosse gaja, queria ser como tu

arquivo de nuvens, o livro de estreia da marta bernardes, uma artista para o século xxi inteiro e a passar


isso, a marta bernardes, das artes plásticas e da música, publica agora, com a chancela dos cadernos do campo alegre, um livro com o título fugitivo «arquivo de nuvens». joão gesta, o grande programador das quintas de leitura, pode ser visto num video promocional a explicar coisas fundamentais sobre a vida de todos nós, mas importa-me sobretudo destacar a esperteza que tem tido na aposta em alguns novos nomes que, para mim, rompem de facto com as expectativas mais aborrecidinhas do costume. a saber, a aposta na filipa leal ou no daniel jonas, nada óbvias à partida e tão naturais quanto a nossa sede para depois. a marta entra aqui, exactamente, com propriedade e alguma pompa, com um livro descomplicado e muito sarcástico, de filosofias profundas sem pose, antes com espontaneidade e graça.

«Se eu fosse uma faca seria
deslumbrante e triste.
Nos dias que correm uma faca
é sempre uma morte antiga,
nostálgica, obsoleta, mesmo
as de aço inexorável.»

pag. 78



na quinta passada, fez-se o lançamento e foi excelente a conversa da marta e a música com os amigos do grupo joão peludo. brilhante, para mim o mais sobriamente bonito momento da noite, esteve a voz da filipa leal, que entre ser poeta e jornalista, diz belissimamente. para cerejinha, a ana deus a cantar dois poemas da amiga, soube a pouco, dela queremos sempre mais. muito ofereceu o mágico jomaguy, a dizer poemas sinistros enquanto fazia truques de cartas e cordas. foi lindo. sim, grande quinta feira de leituras. como sempre

larkin grimm em barcelos

dos esforços da young god records, rodeada de amigos como michael gira (lindo), devendra banhart (lindo), akron family (lindos) ou outros assim meio hippies, meio fadinhas e fodinhas com toda a gente, chegou a barcelos na quarta feira passada a bela larkin grimm, uma simpática menina de voz poderosa que nos conta histórias por vezes até de embalar. foi excelente a noite, com pouca gente (assim, barcelos nunca mais chega ao poder, meus caros), mas com muita fantasia emanando da simplicidade tão certa da cantora. foi só assim como vêem na fotografia que lhe tirei, mas tão intensa e imensa no que nos acontecia dentro da cabeça. quero mais

onde é que arranjo destes cadernos para escrever os meus livros?????


cuema (homenagem a antónio aragão), do fernando aguiar

14.12.07

e para que se note que o circo ainda é o que era, fica o sexy automotor publicitário, motivo de alegria para as nossas ruas nestes dias tão frios

circo andante, porque é urgente esta diversão


o cybersilva tem isto tudo muito bem explicado e eu vou tentar roubar-lhe as informações para pôr a boca no trombone e vos convencer a passarem por uma das apresentações do circo andante, um espectáculo espectacular pró menino e prá menina organizado pela corda bamba, rainha imperial das artes de divertir o próximo com proezas nunca vistas.

assim, é nos dias 14, 15 e 16, e depois mais 21, 22 e 23, no auditório do rancho do monte em vila do conde. organizem-se, e apareçam.

o espectáculo inclui forças combinadas, acrobacia, malabarismo, trapézio, e outras disciplinas devidamente integradas num conjunto dirigido pela luisa moreira.

venham todos conhecer o espaço e a iniciativa, e assim confirmar o mérito e a qualidade deste pólo de novo circo que teima em marcar pela positiva todos os que com ele contactam.

contacto, para reservas e oferta de milhões de euros que não vos façam falta (com percentagem de dez por cento para mim): 968273093

13.12.07

terceiro aniversário do casadeosso

hoje, dia treze de dezembro, passam três anos desde a primeira mensagem que publiquei neste blogue. para assinalar o facto, é significativo o esforço que o nelson d'aires e o luís silva acabaram de fazer para que o meu bonito portátil passasse a ter acesso à rede sem fios do nosso café pátio. e eis como esta mesma mensagem é a primeira - de muitas que virão com certeza - escrita entre os amigos de sempre no antro mais criativo de vila do conde.
e de parabéns estão todos os que me aturam, entre tantas dicas pessoais e trafulhices sentimentalonas, por me ajudarem a acreditar que tudo vale a pena, porque ainda existe quem vale a pena

12.12.07

portal da literatura


no portal da literatura podem ler a entrevista que me fez o carlos porfírio sobre tiques e truques. aqui fica o caminho

11.12.07

o remorso de baltazar serapião - segunda edição


chega agora às livrarias a segunda edição do meu romance premiado. esta é a sua nova capa, criada com uma imagem concebida pelo nuno cruz (do efeitos secundários)

«Este livro é um tsunami, não no sentido destrutivo, mas no da força. Foi a primeira imagem que me veio à cabeça quando o li. [...] Quando foi publicado? E os sismógrafos portugueses não deram por nada? Oh, que terra insensível: este livro é uma revolução. Tem de ser lido, porque traz muito de novo e fertilizará a literatura.»

José Saramago

catwoman, tu sabes que eu te amo

10.12.07

com algum orgulho vos digo para verem aqui em que medida a universidade do porto é considerada a melhor do país

ler com o dedo

o josé desafiou-me para o seguinte:

1. pega no livro mais próximo, com mais de 161 páginas - implica acaso e não escolha.
2. abre o livro na página 161.
3. na referida página procura a 5.ª frase completa.
4. transcreve na íntegra para o teu blogue a frase encontrada.
5. passa o desafio a cinco bloggers.

eis o resultado:

«podes cozinhar amanhã.»

caryl churchill «sétimo céu, uma boca cheia de pássaros, distante», campo das letras

passo o desafio ao nuno troblogdita, ao nuno coisas do gomes, ao nuno efeitos secundários, ao nuno dactilógrafo e ao josé rui teixeira equinócio.

6.12.07

old jerusalem

ontem, ao fim do dia, a convite do paulo vasques, fui assistir ao concerto do projecto old jerusalem - francisco silva ao poder -, para moderar uma conversa com este sobre o seu trabalho feito, a fazer e no obscuro do ultra-espaço (quê?). enfim. foi muito bom, o concerto e a conversa. e a feup - em cujo auditório se passou o evento - ficou mesmo de parabéns pelo empenho na divulgação de música de qualidade, a ver se a estudantada se salva de ficar pelo quim barreiros.
para alegria, e por pretexto do dia de ontem, fiquem com a bela canção «her scarf» e o seu tão bonito video


semanas eróticas em gondomar


vivem-se as impertinentes semanas eróticas em gondomar. para frisson de todos os pudores, inaugura este sábado a exposição colectiva relativa ao terceiro prémio de arte erótica, por volta das vinte e uma e trinta, no auditório municipal (avenida vinte e cinco de abril). vale a pena a visita afrodisíaca a uma das mostras mais ousadas do nosso circuito. fica patente até dia treze de janeiro.

5.12.07

«in maria's eyes», o video do excelente sandy kilpatrick

o meu amigo erradiador lembra bem o tempo em que criei uma «esplendorosa borboleta de sangue» nos estaleiros da velha-a-branca. lembra-se, inclusive, dos dois poemas que lá inventei nas paredes
o metro parou diante de nós como sempre acontece, mas hoje debitou milhares de crianças, caladas, à procura dos professores para aprenderem que vir a matosinhos já não implica ver os pescadores nem apreciar o intenso odor das conserveiras no ar. as crianças atropelaram-se umas às outras. o metro partiu novamente com passo de enjoado. os professores explicaram que agora, em matosinhos, podiam ver-nos, a nós, sim, a nós, que balançávamos os pés sentados no muro. ficámos espantados. milhares de crianças observando-nos à espera que fizéssemos algo digno de se ver, ao nível dos pescadores e da anémona que se rompeu. corámos. dissemos uns poemas e todos bateram palmas. escolhemos cesariny e cruzeiro seixas. por ser natal, distribuímos gomas e sorrimos mais do que o costume. os professores acharam-nos didácticos. as crianças desenvolveram impressionantes aparelhos auditivos. constelações de radares e fios de ligação que transformaram o parque numa indústria poderosa cheia de luz, passível de ser vista do espaço. nós acabámos por ser só o início, e ao início voltámos. um pouco cabisbaixos por nos havermos já habituado à ideia de pertencer a alguém. ainda que a tanta gente

4.12.07

mas ainda existiam dúvidas de que o fcp é o melhor clube português? duas décadas do mais importante futebol da nação ainda não entraram na cabeça de toda a gente? helllllllooooooooo. hehehehehe
ainda assim, não há modo de ficarmos contentes, parece-me, porque a diferença entre os que admitiriam a ditadura e os que não admitiram é mínima. isso não é nada revelador de um mundo que já tenha aprendido alguma coisa sobre a liberdade e a legitimidade necessária para, a cada momento, dirigir um país. se o rei de espanha foi humano, e talvez ensimesmado, quando mandou calar o senhor, não deixou de mostrar que ainda há tomates para hostilizar estes candidatos a donos do mundo

3.12.07

o grande césar taíbo tem, finalmente, uma página pessoal, com os seus desenhos, acima de tudo, a mostrarem como bem faz do seu tempo uma arte precisosa

o programa livros com rum fez um ano de emissões

e muito me honrou por recuperar uma entrevista que me fez há uns meses, na qual falámos dos livros «pornografia erudita» e «o remorso de baltazar serapião». o programa pode ser ouvido neste caminho

29.11.07

o remorso de baltazar serapião - a primeira edição está a acabar


depois de lhe ser atribuído o prémio josé saramago, o remorso de baltazar serapião tem a sua primeira edição a esgotar-se. para bibliófilos e demais apreciadores, fica a dica de que vai, dentro de dias, entrar à venda a segunda edição, que trará uma nova capa e uma nova paginação. a primeira edição (capa acima) tornar-se-à coisa mais rara, e ao dispor de quem ainda a conseguir encontrar

os filhos do esfolador - teatro - estreia sexta feira, dia 30


o teatro jangada, de lousada, com encenação de joaquim nicolau, leva à cena uma peça da minha autoria intitulada «os filhos do esfolador». o texto foi criado a partir de um conto de camilo castelo branco, «o cego de landim», e foi adaptado numa perspectiva mais sarcástica que a do autor novecentista. o joaquim nicolau entendeu partir do meu texto para uma hipótese ainda mais inesperada, transformando a peça numa comédia popular, com folclore do minho e bês pelos vês sem pudor. o resultado é uma hora e meia delirante como o camilo nunca poderia prever.
para memória futura, fica a edição do meu texto em livro, numa edição ulta-limitada apenas vendida pela própria jangada. é uma edição realizada pela cosmorama, mas exclusivamente para a noite de estreia, pelo que não será comercializada em livraria alguma. a única hipótese de aquisição passa pela jangada.
a peça estreia na sexta-feira, dia 30, às 21.30h, na casa das artes de vila nova de famalicão. e aí continua nos dias 1 e 2 de dezembro. depois, dias 10, 11 e 12 de janeiro, apresenta-se no auditório municipal de lousada.
aproveito a oportunidade para deixar um abraço grande a todos os elementos da jangada, gente de bem, de quem gosto, e ao joaquim, boa praça, sem tretas.
informações e reservas: 252.371.297

28.11.07

a notícia mais esperada para o acontecimento mais perigoso de 2008

não posso crer que os my bloody valentine voltem, banda com quem destruí os ouvidos (por vezes deitavam sangue de os pôr em altos berros na minha sony toda preta que podia dar concertos em festivais de verão). não posso crer que em 2008 editem um disco novo, composto com temas esquecidos do início de 90 e com algumas coisas recentes. não posso crer. e tenho medo. a felicidade do meu passado tem directamente a ver com muitas horas a ouvir esta distorção. não me venham agora distorcer o juízo com tretas, não tanto tempo depois. sou, cada vez mais, um rapaz saudável. ai que saudades














disse-lhe mil vezes tudo o que pensava sobre ela e sobre o que restava do nosso amor. sei bem que podia ter voltado a repetir. mas foi o meu limite. saí porta fora e convenci-me de que o amor pode ser mais do que ver com alguém os mesmos extra-terrestres, as flores que crescem nas paredes dos quartos, a voz da vizinha morta que debita receitas de cozinha ou o amplo bucal do tempo que nos sorve

27.11.07

a cerveja tagus decidiu fazer uma campanha publicitária homofóbica, defendendo um «orgulho hetero» e criando uma página na web para encontro de todas as almas que sintam necessidade de mais espaços para conhecerem outras pessoas que, como elas, sejam indubitavelmente hetero. é, no mínimo, estranho que uma cerveja opte tão claramente por se ficar com um target definido por uma questão tão delicada. mais ainda quando estes ideais nazis urgem ver-se eliminados da face da terra. nunca pensei que uma marca comercial se suicidasse desta forma, defendendo a descriminação homofóbica, uma das posturas mais repugnantes que se podem ter. a seguir inventarão cervejas para quê? para brancos? ou só para cristãos? e que tal só para gente parva? dá para medir isso?


edição limitada de 333 exemplares - jorge palma, na rastilho records - a não perder


“com uma viagem na palma da mão” é o primeiro álbum de jorge palma, editado originalmente em 19 de setembro de 1975, esgotado hà mais de 20 anos. a rastilho tem o prazer de anunciar, para a primeira semana de dezembro 07, uma reedição em vinil preto, em capa de 350grs, limitada a 333 exemplares. remasterizado por nélson carvalho nos estúdios da valentim de carvalho, "com uma viagem...." tem 13 temas, dos quais se destacam "deixem voar este sonho", "giselle", "poema flipão" ou "o fim". simplesmente indispensável, um autêntico clássico para um dos melhores songwriters portugueses de todos os tempos.
rastilho:
apartado 764 | e.c. marrazes | 2416-905 leiria.tel: 96 5823791| 96 5078482| 91 8748840

25.11.07

quanto custa a cultura - é a questão que se faz


aos convidados de um ciclo que está a decorrer no auditório da reitoria da universidade do porto, moderado pelo excelente antónio pedro pita. no dia quatro de dezembro, às dezoito horas, o meu amigo paulo brandão, director artístico do theatro circo de braga, será, juntamente com maria joão vasconcelos, o senhor das respostas. estarei lá. estejam também. a entrada é livre

23.11.07

mesão frio

vou passar o fim de semana em mesão frio, no solar da rede, com o patrocínio do grupo cs hotéis, e convite de manuel alberto valente, para uma reunião de seis poetas. juntam-se: fernando pinto do amaral, eduardo pitta, helga moreira, manuel antónio pina e juan carlos mestre. até segunda

pedro teixeira neves

a demanda do bravo cavaleiro dom quixote - um sério divertimento - publicação on line de um livro recusado por não querer incomodar - este é o título do que se está a publicar em episódios no blogue do amigo pedro teixeira neves que, parece, está com vontade de dizer coisas. vale a pena acompanhar. por tudo

esta noite

esta noite, a partir das 23.30h, sandy kilpatrick and the pilgrims of light ao vivo no meu mercedes. se eu não tivesse de ir para mesão frio, estaria batido no mercedes a curtir à grande este concerto. façam isso por mim, se fazem o favor


21.11.07

amanhã, no público e na visão

por um preço simbólico, o novo cd, «à noite», de carlos carmo. onde poderão escutar poemas de maria do rosário pedreira, nuno júdice ou fernando pinto do amaral

é amanhã, nuno júdice nas quintas de leitura com imagem de isabel lhano


e uma petição em protesto pelo despedimento do cozinheiro seropositivo

quiche

xaram, já sei fazer quiche. sim sim. fiz. está feita e comida e maravilhosa. massa, alho francês, azeitona preta, milho, cogumelos, bambu, bacon, orégãos, alho em pó, sal, ovos. se tiverem ideias para quiches fabulosas, agradeço. fiquei rendido à experiência. depois das sopas e das saladas, quiches. estou quase a conseguir chegar ao arroz. hehehe

entre 22 e 24 deste novembro toda a gente vai querer sexo mas, para além disso, toda a gente vai querer saber de cesariny na cupertino de miranda


para salvar o cinema águia d'ouro

20.11.07

ou é melhor adiarmos. estive de cama muito doente e provavelmente não estou em condições para assegurar a tua felicidade. fica para depois. no mesmo sítio, em data a combinar. xau
vem encontrar-me ao pé da igreja. sei de um sítio. às cinco da tarde. não faltes

19.11.07

peixe: avião, nova excelente música portuguesa


o que agora se apresenta, com o nome invulgar de peixe: avião, é tudo menos coisa para esquecer ou deixar cair. poucas vezes uma primeira gravação surge com a maturidade de projecto e a qualidade global com que esta o faz. poucas vezes encontramos uma tão valiosa estreia em que a composição é excelente, o desempenho é excelente, as melodias são defendidas por uma voz excelente e as letras têm sentido e suscitam muito mais do que a fonética harmónica que precisam de ter.
andré covas (guitarras e sintetizador), luís fernandes (guitarras e electrónica), pedro oliveira (bateria e percussão), ronaldo fonseca (voz e sintetizador) e zé figueiredo (baixo e mellotron), são o quinteto que se sustenta num pop seguramente pós-radiohead, com muito do que a electrónica tem inventado para a melhor da música actual, encontrando um espaço próprio pelo lirismo grande que não se coíbem de manifestar, mais uma bem medida rítmica que os torna algo suaves sem nunca os atirar para ambiências melosas ou mais abstractas. o trabalho dos peixe: avião é inteligente em demasia para cair em bacocas fórmulas, é profundamente marcado pelo bom gosto e demarca-se numa delicadeza que nunca descamba em temas flácidos.
tenho a certeza de que braga viu poucas vezes um projecto deste calibre nascer, assim como acredito que o mundo estará doido se uma editora séria não correr a contratar esta formação, porque estou convencido que a portugalidade que defendem, cantando (bem) na nossa língua, e o moderno que são, fará facilmente dos seus temas clássicos que poderão partilhar lugar com inesquecíveis contributos como os melhores dos sétima legião.
em escuta num my space perto de si (http://www.myspace.com/peixeaviao), o futuro de muita música portuguesa poderá estar já ao seu dispor, para não esperar, para não desperdiçar a possibilidade de usufruir agora mesmo de algo tão manifestamente bom.
entre os avanços e recuos que a música nacional tem criado, os peixe: avião impõem um avanço claro, feito de ser inevitável abrir-se um espaço para o seu som, muito inusitado, tão bem produzido, quase urgente, para que se pense em português cantado com uma modernidade que faz falta, garantindo uma qualidade que já não se via aparecer desde há muitos anos. com este começo, estou seguro de que este peixe ainda há-de voar nas nuvens e acima, talvez melhor do que um avião

http://www.ruipedro.net/


sempre me impressionou a história do desaparecimento do rui pedro. numa infindável procura, a sua família agora abre uma página na internet com todas as informações possíveis para que se consiga chegar ao rapaz que hoje deverá já ser um adolescente com o aspecto com que o vemos neste desenho. podemos todos visitar a página e ficar atentos. ainda seria uma alegria grande para todos nós, enquanto sociedade, enquanto seres humanos, que este rapaz voltasse aos cuidados da sua família. aqui o endereço

luís silva - um ilustrador para mais do melhor do mundo



o luís silva, amigo de mais, é das raras grandezas de portugal na ilustração.
colaborador fixo da revista visão, tem feito o seu percurso com alguma discrição, passando por projectos inúmeros que agora culminam no aparecimento dos seus dois primeiros livros.
o livro da avó (com texto seu) e o senhor das palavras (com texto da isabel rosas), acabam de sair na boa afrontamento, impondo o trabalho do luís imediatamente. quem esteve, no sábado passado, na fnac do norte shopping a ouvir o abi feijó a falar sobre o livro da avó, compreendeu que o que aconteceu agora foi o vir ao de cima de um nome que vai marcar decisivamente o mundo dos livros «com bonecos» em portugal. por isso, e muito mais, muito me orgulho de vos convidar a visitarem o novíssimo blogue do artista, bem como a sua renovada página pessoal, onde encontrarão muitas imagens e informação diversa

18.11.07

labirinto – ideias escuras sobre o novo barroco de isabel padrão


a pintura portuguesa encontra em isabel padrão a sua mais competente e valiosa seguidora de um novo barroco, capaz de completar uma tela com uma miríade de elementos tal que, sem dúvida, a primeira sensação criada no seu espectador passa pela ocupação urgente do espaço; uma mediação das formas entre si, como se caber no quadro adviesse de uma digladiação entre os egos dos diversos elementos.
a ocupação aturada do espaço da tela é, contudo, e ao contrário do que à primeira vista nos possa parecer, algo ordenada, na sua base obedecendo a uma interposição ou sobreposição de padronizações que se limitam umas às outras mas que não se anulam. quer isto dizer que, embora complexas, as composições de isabel padrão não se motivam pelo caos, antes pela sua insinuação, uma vez que, nos seus detalhes tudo se mantém perfeito e até indiciador de equilíbrio. poderíamos considerar que não tende para o caos mas vem dele, como se encontrasse um caminho para o tornar legível, habitável, profundamente estético.
o processo de isabel padrão afina-se por um efeito de colagem que opera pela sobreposição sucessiva dos elementos. existe um plano de fundo, já de si fragmentário, vário e suficientemente exuberante pelas suas cores e complicadas formas, ao qual se apõem novas referências. o que se sobrepõe, ainda assim, estando em evidência, não impede que, muitas das vezes, o fundo ressalte. para isso, a pintora utiliza amiúde o preto e branco nas figuras de primeiro plano, que não competem, simplesmente se colam sobre o jogo prévio. os quadros de isabel padrão são, em grande medida, a criação de tabuleiros delirantes onde as peças se colocam fora de casas, porque nada está absolutamente certo e nada está errado na composição resultante. são tabuleiros conseguidos por inteligentes relações entre estranhos, transformando o retalho de cada padrão num participante sempre importante, nunca menosprezando o mais ínfimo pormenor.
numa fórmula gráfica inteligente, que alia a contemporaneidade com o imaginário de outras épocas, a pintora cria um universo que mescla o efusivo dos planos de fundo com a austeridade e solenidade dos items apostos sobre eles. o uso destes elementos em preto e branco, com alusões quase sempre relativas a um mundo místico, funciona como imagens vistas em vórtices oníricos. há qualquer coisa daquelas velozes visões dos sonhos, nas quais se abrem espirais de cores onde alguns rostos e objectos se destacam com uma importância tantas vezes desconhecida para nós. perante as telas de isabel padrão podemos experimentar essa sensação bizarra de se ter cortado o tempo e, numa voraz torrente de luz, como um caleidoscópio que se acende intenso, algumas figuras se mostram como percepções espirituais ou manifestações do subconsciente. figuras que se relacionam só assim, por essa conexão insondável do sonho, acima das lógicas tão limitadas da razão.
é curioso que o resultado final das obras tenha que ver com um certo misticismo e até espiritualidade, porque em verdade o que acontece é a utilização do pendor decorativo dessas referências que acabam por impor ao quadro um tom desmistificador. se é notório o fascínio da pintora pelo imaginário mitológico e religioso, também é certo que a ele deita mão numa liberdade tal que o instrumentaliza, esvaziando-o do seu teor sagrado para o preferir pela directa vantagem estética. a perseguição de uma beleza gráfica, irónica e até sarcástica, é feita dessa vontade de transgredir perante os preconceitos erigidos sobre determinadas figuras ou assuntos para expor tudo pela sua natureza formal, despido de crenças ou qualquer espiritualização. neste trabalho, a morte, a medusa ou o anjo, bem como os símbolos cabalísticos, são meramente formais, como se participassem feridos na sua força simbólica. são símbolos, e como tal não poderão nunca esquecer o que representam, mas jogam nestes tabuleiros como outros objectos colocados num universo autónomo. não parece haver uma vontade de chocar pela facilidade, agredindo o que as figuras representam, existe antes um fascínio pelo que são enquanto metáforas dos anseios humanos. a transgressão que isabel padrão pode levar a cabo não pretende nunca tornar-se agressiva ou violenta por si só, é antes uma manifestação de liberdade que reclama o direito de despir todas as coisas do seu suposto carácter inviolável.
este facto de a aparente aspereza das composições de isabel padrão não ser consumada, revelando antes um contexto puramente humano e delicado, também é ajudado pelo lirismo que domina todo o trabalho. existe uma poeticidade grande de todas as telas, encontrada no romantismo de muitas figuras e na feminilidade acentuada das cores e padrões, remetendo inegavelmente para os papeis de parede mas, também, para os tecidos meticulosamente bordados, trazendo discretamente tudo quanto acontece para cima de mesas requintadas ou colchas de luxo. esta perspectiva de que os tais tabuleiros podem ser elaborados com fragmentos de tecidos cuidados, torna a pintura profundamente mais feminina e, ab initio, assumindo uma grande sensibilidade.
a pintura de isabel padrão é labiríntica, profundamente subjectiva, mais ainda por esse efeito claro de preferir as referências que usa pelo seu lado formal mais do que simbólico, o que torna tudo uma questão pessoal, como se entrássemos na cabeça de alguém e, obviamente, deparássemos com o seu complexo modo de funcionamento, muito para além daquilo a que estamos habituados a perscrutar ou até pressupor. é, pela sua força própria e genuína intensidade, uma revelação de carácter, levando a um dos mais demarcados estilos da pintura portuguesa recente. para uma determinada escola portuense, isabel padrão poderá ser um dos seus nomes cimeiros, autora de uma das obras mais fracturantes e, ao mesmo tempo, capazes de elogiar o passado; capaz, no fundo, de ser quem é enquanto autora e dotar a sua arte da estrepitosa diferença justificada por uma opção barroca incrivelmente honesta; uma opção, insisto, na génese de uma das obras mais valiosas da sua geração em portugal

isabel padrão e roberto machado na cooperativa árvore até 4 de dezembro, só perde quem perdeu a cabeça

isabel padrão (talvez a tela mais impressionante da sua exposição):


roberto machado (um dos trabalhos de que mais gosto, carregado de vermelho num misto de desfoque e estranha energia):


na página da árvore podem ver e saber mais

o novo número da nada (o dez) já está disponível


vejam mais aqui
o contrário do tempo é o blogue do fernando aguiar, um poeta ainda performer, como poucos são capazes. o mais a sério em portugal neste momento, sem dúvida

14.11.07

rui effe, parabéns. obrigado pela amizade e fidelidade

viena

viena

parabéns jorge melícias. grande abraço e obrigado pela fidelidade

8.11.07

mais uma vez, as mulheres vieram bater à minha porta para me perguntarem se as flores vermelhas haviam nascido para dentro de casa. eu disse que não. que fechava as janelas à noite e que elas se retraíam, voltavam ao jardim. no dia seguinte, espreitariam certamente, mas mais nada. desconfiaram. quase arrombaram passagem para se assegurarem de que eu não estava a mentir. não gosto quando me julgam capaz de esconder algo tão pouco importante. fechei-lhes a porta na cara, como mereciam, mas fiquei a pensar se não seria melhor deixar as janelas abertas uma só noite. o suficiente para que a casa ficasse semeada, como um sangue que se transferisse para uma intimidade tão diferente mas tão importante para mim agora

5.11.07


sábado, dia 10, inaugura a exposição «polarity», do duarte vitória, na galeria nuno sacramento, em aveiro. às 22 horas. o texto do catálogo é da minha autoria. a pintura do duarte é digna de se ver. a entrada é livre. apareçam
uma entrevista na página do círculo de leitores

30.10.07

estive lá, mas não vi nada. ó minha senhora, tem a certeza de que foi ali. é que se não o levo de volta para casa vou lá ter uma cena à minha espera. eu nem quero saber se está completo mas, se regresso de mãos a abanar, todos vão pensar que não me esforcei para o encontrar. por mim, estaria a ler o aldous huxley e a achar que a vida ainda vai ser pior, para apreciar a vida hoje tal qual ela é. mas não a quero assustar. foi só uma ideia e, estou certo, tem que ver com a frustração de me rebentar o acne na cara quando estou em situações especiais, mesmo quando são tão boas para mim. não sei se me entende. e também pode vir mais perto, eu não lhe faço mal. caramba. começou a chover. agora vai ser tudo muito mais difícil
peço ao senhor que me telefonou dez vezes a avisar que o mundo vai acabar amanhã, às cinco da tarde, que me ligue outra vez. gostava de saber pormenores sobre o assunto. tenho uma prima muito interessada nessas coisas mais esotéricas. agradeço-lhe

29.10.07

tocou no meu coração

de regresso a casa posso finalmente responder às tantas mensagens simpáticas que recebi e actualizar o meu blogue.
é com uma indisfarçável alegria que regresso, depois de receber o prémio josé saramago pelo meu romance «o remorso de baltazar serapião».
não vos vou explicar muito sobre o prémio, porque quem sobre isso quiser saber terá uma infinidade de textos na internet para ler, queria apenas acusar esta alegria, a gratificante condição de ter um novo grupo de amigos que muito me acarinhou e tão bem recebeu. tem de ser público o meu agradecimento emocionado ao patrono do prémio, aos elementos do júri, a toda a equipa da fundação círculo de leitores e, muito intimamente, às minhas editoras e toda a quidnovi. também aos inúmeros amigos e entusiastas, que tornaram estes dias numa festa contínua, o meu muito obrigado

25.10.07

inês, pois, e sonhei contigo. achava que estava em nova iorque e que toda a gente era angolana a rir-se e a dançar buraka. e tu disseste, adoro. e eu respondi, também eu. e éramos os dois pretos, lindos e sabíamos dançar como nunca. e eu lembrava-me que também nasci em angola e achava que batia tudo certo. ainda por cima passei a ter os lábios carnudos e os nossos beijos eram fabulosos. hehehehe. estou a mentir. é brincadeira. mas sonhei contigo, só não me consigo lembrar de nada. que azar. sonho com raparigas lindas e depois nada. olha, vou a lisboa, e sei que esta noite janto sushi, por isso vou contente. levo o bruno e o neuxon, vamos a electrocutar os ouvidos pela auto-estrada. sábado a gente curte o 31 e os djs à maneira que lá vão. bute matar saudades e criar florzinhas em toda a parte.
parte extra: ó isabel, vou pensar em ti também. pena não poderes descer a lisboa para o sushi. beijos
teresa, estará a fazer um ano que o nelson nos tirou esta foto, não?
tu estás tão bonita. encontrei isto agora e pasmei de novo.
beijinho. e vê se deixas de ir para as ilhas, isso já me enerva

24.10.07

www.valterhugomae.com

estava já muito desactualizada a minha página pessoal. dei-me, por isso, e num acesso de limpeza que me acudiu, a ver quanto faltava lá colocar. os resultados começaram a aparecer. algumas coisas ainda vão ser mexidas, é preciso acrescentar à bibliografia, é preciso actualizar as referências na imprensa e colocar uma nova entrevista. mas já gosto de lá ir ver o fundo vermelho e a fotografia em que estou com a inês. a casa fica aberta em www.valterhugomae.com
a mulher aqui de cima não acredita que caiam sapos do céu. eu sei lá que raio lhe dizer, disse-lhe eu, mas que caíram isso é certo, ó dona donata. olhe, o melhor é ir para casa e ficar lá quentinha, que também dizem que vai esfriar. a mim pouco me importa que caiam sapos do céu ou, mais certo, até gosto. mas dá-me pena dos mais gorditos. embatem no chão com alguma violência. fico a vê-los um a um, a virá-los para saber se rebentaram, a pegar neles com cuidado e a levá-los para a bouça onde há um charco e ficarão consolados da vida. se apanhar algum que não resista, um que morra, vou ficar lixado com isto que a evaporação das águas arranja. raios partam lá esta coisa maluca. anda cá bichinho, que não te faço mal

23.10.07

recebi um email a dizer isto assim:

informação muito útil:


atenção foram hoje inaugurados, os radares de controlo de velocidade, em todas as vias verdes.
não esquecer que o limite de velocidade é 60 !!!
senão... carta apreendida e 150.00 euros.

segundo grande concurso incrivelmente fabuloso casadeosso


proposta de tiago dias
do saudosista do futuro
regulamento aqui

22.10.07

e o concerto do ano vai para os kap bambino

quando o josé luís peixoto me ligou a garantir que os kap bambino, em lisboa, haviam deixado pasmos uns quantos iluminados que tiveram a ideia de os ir ver ao vivo, eu tive a certeza de que veria algo de bom, mas não esperei que visse o concerto do ano.
fica um video do you tube a partir do qual se pode ter uma ideia pálida do que é estar, de facto, submetido a uma carga eléctrica sem mediação possível pelos audiovisuais.

segundo grande concurso incrivelmente fabuloso casadeosso

proposta de isabel rosas
regulamento aqui

imagem rui effe - poema valter hugo mãe

já viste como a ferida pode ser uma
boca de sangue, como se a faca lhe
criasse um beijo. já viste como o sorriso
pode ser uma arma de morte, como
se o coração lhe retirasse o amor.
já viste como a árvore pode ser um
estandarte de vento, como se as
cabeças mais vazias se lá pusessem a voar

segundo grande concurso incrivelmente fabuloso casadeosso

proposta de 0.03
do 0ponto0
regulamento aqui