22.5.05
17.5.05
questionário
respondo ao questionário do momento a convite do meu amigo alexandre. (esta coisa anda em todo o lado, parece um vírus de contágio por amizade.)
não podendo sair do «fahrenheit 451», que livro quererias ser?
seria «a colher na boca» do herberto helder. não me custaria passar o dia a debitar aqueles poemas. na verdade, de vez em quando, pego no livro e leio-o em voz alta. se houvesse de participar no filme, fazendo esse papel, não precisava de muito ensaio.
já alguma vez ficaste apanhadinho por uma personagem de ficção?
os k do kafka são todos impressionantes. lembro-me de sonhar com vários (e com o gregor samsa) nos tempos em que li kafka em jeito de pão nosso de cada dia. um dia sonhei que o agrimensor do «castelo» falava comigo finalmente (eu seria k), e eu entenderia tudo o que me pedia e poderia concluir o longo romance. quando acordei não entendi se esqueci o que me disse, ou se sonhei apenas que me tinha dito sem de facto escutá-lo. fiquei triste. na inconsciência do sonho a felicidade era absoluta.
qual foi o último livro que compraste?
comprei a obra poética do luís miguel nava para oferecer ao poeta espanhol antonio gamoneda. falei longamente com o antonio sobre o nava, que ambos admiramos. ele tem vários livros do poeta português oferecidos pelo próprio, mas não vira ainda a edição da obra completa. o luís miguel nava é um dos meus poetas favoritos. não só o considero um dos três melhores poetas dos últimos trinta anos, como considero um dos mais poderosos da lírica portuguesa de sempre. pode fazer linha com pessoa, herberto, belo e daniel faria.
qual o último livro que leste?
li o novo da inês lourenço, «logros consentidos», numa edição belíssima da & etc. acompanho há muito o trabalho da inês – tive o prazer de editar a recolha da sua poesia nas quasi – e acho que ela acaba de publicar um dos seus melhores livros. estes «logros» são ainda mais distintos, no tom perspicaz e sem concessões que a autora sempre teve.
que livros estás a ler?
agora leio a peça de teatro do rui lage, «não há mais que nascer e morrer», com chancela das edições mortas; leio «no pino do verão», de paulo bateira, numa edição cosmorama, e «juxta crucem tecum stare», de manuel de freitas, numa edição da alexandria. são todos livros muito curtos, de modo que são as leituras do dia. peguei-lhes hoje um pouco à hora do almoço e devo retomá-los para terminar antes de dormir.
que livros (cinco) levarias para uma ilha deserta?
«a colher na boca», embora já quase não precise; «naked lunch», do william burroughs; «o castelo», do kafka»; «molloy», do beckett; «o retrato de dorian gray», do oscar wilde. por esta ordem. cada um destes livros é um tratado de estilo, marcando a extensão da escrita, a plasticidade das palavras, o quanto a humanidade se aumenta a partir da arte. concebo a arte um pouco a partir destes pilares; um espaço de invenção sem tréguas, ao mesmo tempo perto e longe da realidade. talvez, ao mesmo tempo, perto e longe da verdade.
a quem vais passar este testemunho (três pessoas) e porquê?
vou passar a três amigos com quem assino um outro blogue: o eduardo pitta, o joão paulo sousa e o jorge melícias.
não podendo sair do «fahrenheit 451», que livro quererias ser?
seria «a colher na boca» do herberto helder. não me custaria passar o dia a debitar aqueles poemas. na verdade, de vez em quando, pego no livro e leio-o em voz alta. se houvesse de participar no filme, fazendo esse papel, não precisava de muito ensaio.
já alguma vez ficaste apanhadinho por uma personagem de ficção?
os k do kafka são todos impressionantes. lembro-me de sonhar com vários (e com o gregor samsa) nos tempos em que li kafka em jeito de pão nosso de cada dia. um dia sonhei que o agrimensor do «castelo» falava comigo finalmente (eu seria k), e eu entenderia tudo o que me pedia e poderia concluir o longo romance. quando acordei não entendi se esqueci o que me disse, ou se sonhei apenas que me tinha dito sem de facto escutá-lo. fiquei triste. na inconsciência do sonho a felicidade era absoluta.
qual foi o último livro que compraste?
comprei a obra poética do luís miguel nava para oferecer ao poeta espanhol antonio gamoneda. falei longamente com o antonio sobre o nava, que ambos admiramos. ele tem vários livros do poeta português oferecidos pelo próprio, mas não vira ainda a edição da obra completa. o luís miguel nava é um dos meus poetas favoritos. não só o considero um dos três melhores poetas dos últimos trinta anos, como considero um dos mais poderosos da lírica portuguesa de sempre. pode fazer linha com pessoa, herberto, belo e daniel faria.
qual o último livro que leste?
li o novo da inês lourenço, «logros consentidos», numa edição belíssima da & etc. acompanho há muito o trabalho da inês – tive o prazer de editar a recolha da sua poesia nas quasi – e acho que ela acaba de publicar um dos seus melhores livros. estes «logros» são ainda mais distintos, no tom perspicaz e sem concessões que a autora sempre teve.
que livros estás a ler?
agora leio a peça de teatro do rui lage, «não há mais que nascer e morrer», com chancela das edições mortas; leio «no pino do verão», de paulo bateira, numa edição cosmorama, e «juxta crucem tecum stare», de manuel de freitas, numa edição da alexandria. são todos livros muito curtos, de modo que são as leituras do dia. peguei-lhes hoje um pouco à hora do almoço e devo retomá-los para terminar antes de dormir.
que livros (cinco) levarias para uma ilha deserta?
«a colher na boca», embora já quase não precise; «naked lunch», do william burroughs; «o castelo», do kafka»; «molloy», do beckett; «o retrato de dorian gray», do oscar wilde. por esta ordem. cada um destes livros é um tratado de estilo, marcando a extensão da escrita, a plasticidade das palavras, o quanto a humanidade se aumenta a partir da arte. concebo a arte um pouco a partir destes pilares; um espaço de invenção sem tréguas, ao mesmo tempo perto e longe da realidade. talvez, ao mesmo tempo, perto e longe da verdade.
a quem vais passar este testemunho (três pessoas) e porquê?
vou passar a três amigos com quem assino um outro blogue: o eduardo pitta, o joão paulo sousa e o jorge melícias.
perry blake e poesia em vila do conde
dvd do perfeito matthew barney
perry blake amanhã em famalicão.
na sexta e sábado, poesia em vila do conde:
dia 20
tarde
15,00 horas- abertura do encontro
15,45 horas- 1ª mesa traduzir/trair
frederico lourenço
pedro tamen
josé mário silva
moderador – josé carlos vasconcelos
16,30 horas- intervalo
16,45 horas- 4 poetas, 4 livros, leituras
josé luís peixoto
eduardo pitta
josé maria silva couto
valter hugo mãe
moderador – marta miranda
dia 21
manhã
10,30 horas – visita guiada a vila do conde – rotas d ‘escritas
tarde
14,30 horas - homenagem a papiniano carlos
com a presença de carlos pinto coelho
viale moutinho
emídio ribeiro
15,30 horas – um livro por traduzir
margarida vale de gato
josé mário silva
jorge fazenda lourenço
fernando echevarria
moderador – pedro mexia
16,45 horas – 4 poetas, 4 livros, leituras
rui reininho
maria do rosário pedreira
isabel sá
pedro mexia
moderador – valter hugo mãe
noite
21,30 – sarau de poesia – alfândega régia
sindicato da poesia
15.5.05
noite
à noite vêm a mim os bichos que não se mostram aos olhos. ficam a morder os meus braços lentamente, obrigando-me a morrer. só resisto por mérito do corpo, que trabalha sozinho quando já há muito desisti
13.5.05
porta
estou prestes a entrar em outro lugar. parece haver uma porta para qualquer lugar que me dirija. talvez em pouco tempo não seja visto daqui
10.5.05
compilação de olhos em bico
sem título, de oksana badrak
1. susumu yokota «love bird»
2. shugo tokumaru «funfair»
3. otomo yoshihide «preach»
4. nabukazu takemura «polymorphism»
5. tujiko noriko «mugen kyuukuo»
6. kodo «oki age»
7. ondekoza «sogaku»
8. so takahashi «made in usa»
9. kojima mayumi «amai koi»
10. nagisa ni te «piho»
11. sainkho namtchylak «naked spirit»
12. toru takemisu «kaidan»
8.5.05
.
«make», de aaron smith
não me voltarás a ver. no interior da casa fiz um silêncio que me venceu. a partir de hoje estarei no verso. não mais serei tangente
6.5.05
compilação para sexta-feira à noite
1. bauhaus «dark entries»
2. stooges «tv eye»
3. sonic youth «kool thing»
4. my bloody valentine «you made me realise»
5. babes in toyland «handsome and gretel»
6. butthole surfers «booze»
7. spaceman 3 «revolution»
8. young gods «longue route»
9. queens of the stone age «you think i ain't worth a dollar but i feel like a millionaire»
10. daisy chainsaw «be my friend»
11. the dilinger escape plan «panasonic youth»
2. stooges «tv eye»
3. sonic youth «kool thing»
4. my bloody valentine «you made me realise»
5. babes in toyland «handsome and gretel»
6. butthole surfers «booze»
7. spaceman 3 «revolution»
8. young gods «longue route»
9. queens of the stone age «you think i ain't worth a dollar but i feel like a millionaire»
10. daisy chainsaw «be my friend»
11. the dilinger escape plan «panasonic youth»
adam janes
sem título, de adam janes
noite toda latiram, até que um cão maior chegou e os engoliu sem mastigar. o guarda espantou-se e não se voltou a ver. há quem diga que evaporou de desgosto ou simplesmente virou bicho e segue por aí assombrando os pesadelos das pessoas. ele amava aqueles cães, isso é certo
555
«men with long hair», de odd nerdrum
cantei no frio da noite, à espera que viesses dizer-me que os vizinhos não conseguiam dormir. à espera que me viesses dizer que também tu te mantinhas de olhos abertos sem parar de me ver
5.5.05
casa
«visitation», de robert & shana parkeharrison (incríveis)
tira-me daqui. leva-me a ver algo que não exista e não me devolvas. rouba-me com loucura e sem pensar em mais nada
4.5.05
compilação para uma primavera melhor
«elephant fish bird», de soamo
1. antony and the johnsons «hope there's someone»
2. isobell campbel «amorino»
3. arve henriksen «opening image»
4. leonard cohen «who by fire»
5. susanna & the magical orchestra «who am i»
6. otomo yoshihide «preach»
7. nobuzaku takemura «polymorphism»
8. david sylvian «blemish (remixed by akira rabelais)»
9. colleen «everyone alive wants answers»
10. cat power «revolution»
11. chet baker «my funny valentine»
maggie taylor
«cloud sisters», de maggie taylor
muito obrigado pela dica. esta senhora maggie taylor é uma pintora maravilhosa. adoro a sua imaginação delicada, o modo como reinventa as «histórias da carochinha» e nos coloca num mundo sempre enriquecido. obrigado mesmo pela dica. adorei. sugere (sugiram) mais
3.5.05
.
«homenagem a jody brookens» de luiz henrique vieira
deus disse, até morreres serás sempre infeliz, e eu fiquei à espera do depois
1.5.05
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