31.7.07

são coisas como as mortes do bergman e do antonioni que me deixam absolutamente lixado

27.7.07

eu visto pelo bruno, e os meus amigos vistos por mim. todos fotografados na nossa mais íntima essência malígna






no pátio, em noites de isqueiros cheios, dá um medo
estou sem paciência, pouca ciência, muita incerteza, tanta gente, pouco charme, toda a música, sem dança, só sono, estou sem licença, sem tesouro, com tempo, nenhum marasmo, nem contrário, muito parado, muito lento, estou sem saber, estou a escrever, estou sem pinheiro, sem natal, estou no verão, muito despido, estou moreno, tanto projecto, nenhum objecto, sem ninguém, tarde portuguesa, nada se mexe, estou sem ter quem, estou silente, com toda a música, muito charme, tanta noite, todas as horas, nenhum frio, muito vento, tanta gente, um beijo, estou sem ter pejo, não me mexo, nada se quebra, estou com desejo, estou sem ninguém, niguém me liga, estou no pinheiro, tanta estrada, muito não leva a nada, ninguém se mexe, nada me esquece, dia sem ninguém

25.7.07

tenho um encontro com a noite, sim sim sins pelo tempo todo

13.7.07

laurie anderson esta noite no theatro circo, braga rules
ao invés de escrever simpáticos tinha escrito simpáicos. e não me importei muito. gostei

ciclo de mini-espectáculos da censura prévia - isabel lhano e valter hugo mãe, junho de 2007

vou embora. eu sei que volto, porque tudo me prende a esta mulher, e a decisão de partir não a tomei de ânimo leve. é muito fácil pensar que a estou a trair, porque seguramente estarei com muitos outros corpos buscando aquele estranho afecto entre desconhecidos que me é essencial. é fácil pensar que a luxúria me domina e que é pelo sabor imediato da traição que vou embora. mas não é verdade tal coisa. esta mulher é tudo para mim. vejam-na dedicada, como sempre, nos afazeres da nossa casa. pacífica. criando em seu redor uma esfera de dignidade inquebrável. vejam como apura cada gesto. cada objecto que toca definitivamente saciado por existir e se não houvesse mais ninguém no mundo, esta mulher bastaria para o preencher e fazer sentir exultante de plenitude. é uma mulher com tamanhos interiores capazes de albergar a criação, a génese de toda a natureza como uma função mais que divina, uma função perfeita.
através dela, se repararem bem, podem ver mais adiante, mais adiante no tempo, como se o futuro do amor estivesse garantido no seu coração. eu também quero ver. vejo-a todos os dias e tento chegar a esse conhecimento raro do que será o futuro do nosso amor e por vezes parece-me tão nítido nos seus olhos. e ela diz, dou-te os meus olhos, são duas pedras de água à espera da tua sede. eu também quero ver, respondo-lhe. e ela pode depositar a cabeça no meu peito como se me oferecesse os olhos assim.
vou embora, sei que cruelmente, como não pode deixar de ser. vou sair sem aviso, abandonando cada coisa no lugar de sempre como se voltasse depois de um café, cinco minutos, nada mais. mas não voltarei tão depressa. ficarei muitos anos afastado e quando vier serei só reconhecível pela mesma necessidade de sempre e pelo amor eterno que lhe tenho. e continuarei à espera de também ver o que pode ver. esse futuro implacável onde, para sempre e sem quebras, pertenceremos um ao outro, dominando a necessidade animal de marcar outras pessoas.
é um afecto estranho esse o dos desconhecidos. e estranhas são as marcas com que ficam depois de nos conhecerem. como estranho é também que julguem constantemente que não ficam marcados e que não se perceberá, na manhã seguinte, o jogo de sentimentos em que se arriscaram. eu sinto como ficam alterados. desenvolvendo protuberâncias nos corpos como reacções alérgicas à monogamia. desenvolvendo os corpos como euforia pela traição. e assim se mostram como calejados para a ambiguidade da vida e julgam que se mantêm unos por ingenuidade ou fantasia. alguns, precisam de tempo para admitirem que também querem ver. ver esse futuro adiante onde se reconheçam calmos do animal que são e se consumam de tamanhos interiores capazes de criações mais do que divinas. como esta mulher.
esta mulher não vai dar conta da minha ausência, ainda que por anos não me toque. vai ver-me sempre muito perto, no futuro, para o momento impressionante do meu regresso e para não nos separarmos mais. ficará assim, a cuidar da casa ininterruptamente, como se ininterruptamente a casa precisasse dela, que é uma maneira que terá de não precisar de mais nada. de não precisar de mim
dezoito anos da rádio universitária do minho comemorados à grande em braga. confiram o programa nesta ligação

12.7.07

genial o rock dos the blood brothers

aceito ir a braga outra vez. vou a braga e venho. é só ter motivo
não aceito que deitem os esgotos ali na praia em frente à igreja das caxinas e não avisem as pessoas que estão a nadar na m
aceito ir para a cama com uma rapaiga cá do prédio, por mim, tudo ok, são quase todas muito giras
não aceito escrever os meus romances ou a minha poesia com maiúsculas, obrigado
aceito ser amigo do david motta e mesmo sem o conhecer, de alguma forma, já o sou. corta-me a sua história. penso nisso por aqui
aceito o disco novo dos rio en medio
não aceito ficar com gripe agora, já tenho antibiótico. quando morrer o meu corpo não se vai decompor e vou para santo, como os outros
aceito o pedido que me fizeram de homenagear o meu amigo artur do cruzeiro seixas
aceito trocar desenhos meus por desenhos vossos (artistas simpáticos)
não aceito que o macdonalds de vila do conde cheire a esgoto
aceito convites para programas culturais para a terça e quarta feira da semana que vem. fico à espera
também aceito propostas para projectos malucos. quem tiver ideias, amande
aceito propostas inspiradas para namoro sério e eterno,
com curriculum e fotografia anexa,
enviadas para o email

luz, dia de luz

10.7.07

por vezes a morte é impossível de explicar e eu sei que não é deste mundo a razão porque a eliana nos deixou.
nós de coração na mão, muito difícil de o guardar agora
.
«águas passadas do rio,
meu sono vazio,
não vão acordar;
águas das fontes calai
ó ribeiras chorai
que eu não volto a cantar.»
(josé afonso, «balada de outono»)

9.7.07

auto-retrato em grande sensualidade no teatro do campo alegre

8.7.07

o eduardinho tem três semanas e é a coisa mais linda do mundo

6.7.07

e fui baptizado nesta igreja

nasci a 25 de setembro de 1971 neste hospital, em saurimo, angola. hoje, pela primeira vez, vi uma imagem desta casa

no meu post anterior alguém deixou um comentário dizendo não saber se eu acredito em mim próprio. hummm. um anónimo, claro, porque para dizermos estas coisas convém estarmos escondidinhos da silva. e é verdade. não acredito lá muito em mim. tenho a mania de que sirvo mais para coisas simples e de que qualquer proeza que faça não é suficientemente grande. expliquei-me? não me espanto com praticamente nada do que faça e estando feito nada me parece suficientemente grandioso para me satisfazer. por isso, corro continuamente e mesmo que não saiba para onde ir. eu acho que é apanágio de quem cria por necessidade - uma angústia em chegar a um lugar que realmente não existe, porque os artistas satisfeitos não existem e eu sou de uma insatisfação monstruosa que até me pode maltratar, mas da qual dependo para me reconhecer ou, mais dramaticamente, da qual dependo para ser

5.7.07

gosto de pessoas que acreditam ainda nas pessoas. mas não quer dizer que não goste das outras pessoas. gosto das pessoas porque ainda acredito nelas, mesmo nas que não são assim
e elas, com tempo, também mudam, já vi coisas incríveis e sem sentido terem história, ahahahaha

4.7.07

a partir de hoje vou deixar de comer chocolates. já não preciso