o metro parou diante de nós como sempre acontece, mas hoje debitou milhares de crianças, caladas, à procura dos professores para aprenderem que vir a matosinhos já não implica ver os pescadores nem apreciar o intenso odor das conserveiras no ar. as crianças atropelaram-se umas às outras. o metro partiu novamente com passo de enjoado. os professores explicaram que agora, em matosinhos, podiam ver-nos, a nós, sim, a nós, que balançávamos os pés sentados no muro. ficámos espantados. milhares de crianças observando-nos à espera que fizéssemos algo digno de se ver, ao nível dos pescadores e da anémona que se rompeu. corámos. dissemos uns poemas e todos bateram palmas. escolhemos cesariny e cruzeiro seixas. por ser natal, distribuímos gomas e sorrimos mais do que o costume. os professores acharam-nos didácticos. as crianças desenvolveram impressionantes aparelhos auditivos. constelações de radares e fios de ligação que transformaram o parque numa indústria poderosa cheia de luz, passível de ser vista do espaço. nós acabámos por ser só o início, e ao início voltámos. um pouco cabisbaixos por nos havermos já habituado à ideia de pertencer a alguém. ainda que a tanta gente
5.12.07
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oh como eu queria ver o metro a debitar milhares de crianças...e tu e poemas e aparelhos auditivos mais o cesariny e o cruzeiro seixas e a anémona.
ResponderEliminarestou por aqui, diz coisas, perdi o teu 96 e n me atendes no outro.
saudades
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