28.9.07
27.9.07
26.9.07
imagem de rui effe, poema de valter hugo mãe
somos uma árvore nem sempre
pensada. vimos uns dos outros como
se fossemos terra uns dos outros, terra e
sangue, ágil sobre o tempo por
instinto e uma certa paixão. somos
uma árvore nem sempre erguida.
temo-nos uns aos outros como
causas e efeitos em busca dos
caminhos e uma certa paixão.
somos uma árvore nem sempre
razoável. magoamo-nos uns aos
outros como necessitados de coisas
más sem grandes razões e de
uma certa paixão
24.9.07
no jornal de letras respondi assim ao questionário sobre os livros da minha vida
autores portugueses
Livro do Desassossego, Fernando Pessoa / Bernardo Soares
Alegria Breve, Vergílio Ferreira
Todos os Poemas, Ruy Belo
As Naus, António Lobo Antunes
O Medo, Al Berto
Poesia Completa 1979-1994, Luís Miguel Nava
Repetir o Poema, Isabel de Sá
Obra Quase Incompleta, Alberto Pimenta
Obra, Adília Lopes
autores estrangeiros
O Estrangeiro, Albert Camus
O Processo, Franz Kafka
Grande Sertão Veredas, João de Guimarães Rosa
Moloy, Samuel Beckett
Naked Lunch, William S. Burroughs
Lanterna Mágica, Ingmar Bergman
Poesia Completa, Leopoldo Maria Panero
Le Tachier de L’amateur, Roland Topor
Letra Só, Caetano Veloso
20.9.07
cosmorama [poetas e poéticas]
a cosmorama é uma editora que tem já feito um percurso decente buscando demarcar-se pelo genuíno interesse na publicação de poesia e promete adensar esse trabalho investindo mais - desde logo aumentando a equipa - para alcançar um catálogo de referência na publicação de clássicos mas sobretudo na publicação das novas gerações.
no contexto desta procura, acaba de lançar uma nova revista literária, que terá uma periodicidade anual, bifacial, contendo, por definição, dois dossiers sobre dois poetas, um vivo e um morto. «cosmorama [poetas e poéticas]», assim se chama a revista, vê este seu primeiro número, para o ano de 2007, acabado de vir da impressão, dedicado a guilherme de faria (saudosista, nascido em guimarães no ano de 1907 e falecido em 1929, com apenas 21 anos, tendo posto termo à sua própria vida); e a jorge melícias (nascido em coimbra, no ano de 1970, estreado na propalada geração de 90, compondo uma das suas figuras mais inconformadas e contestadas).
os dossiers da cosmorama, revista, são compostos por ensaios, entrevistas, poemas inéditos, fotobiografias... tudo quanto, pelo autor, se torne valioso ou pertinente reproduzir. poderia destacar, neste primeiro número, a belíssima apresentação de guilherme faria feita por josé rui teixeira e o ensaio de luís adriano carlos sobre melícias. também os dez poemas inéditos deste (um autor raro, cujos livros têm sido concluídos com cerca de dezoito poemas) serão um excelente motivo para a aquisição deste volume.
a «cosmorama [poetas e poéticas]» pode ser encomendada através dos contactos das edições cosmorama, que estão aqui. a revista custa doze euros, valor que inclui os portes de envio para o território português.
19.9.07
nassive attack, porto, ontem à noite, concerto para focas
é aterrador ver elizabeth frazer, a diva suprema, ali metida como se fosse uma pobre a fazer um esforço descomunal para se ouvir e para fazer algum sentido no meio daquelas luzinhas muito giras.
é muito estranho que os massive attack sejam, ao vivo, um meio-termo, uma coisa assim quase, nada de verdadeiramente enérgico.
e o povo - as foquinhas todas que esgotaram o coliseu - até queria som, e quando a coisa fazia mais barulho ficava tudo animado (sempre a bater as patas). o problema: até temas como «inertia creeps» soaram a molinhos dias de chuva, tudo sem sal.
trinta euros para estar na plateia, com um atraso de uma hora e vinte, a ver uns tótos a tocarem uma hora e vinte de música muito arrastada e com um mocinho com fato à maroon five a tentar convencer alguém de que canta. foi enervante.
quero pensar que fui ver a elizabeth frazer e o horace andy, que é um senhor, porque qualquer um com uma só nota bem dada entra no olimpo das vozes contemporâneas, e será sempre um privilégio poder ouvi-los.
estive, no entanto, muito bem acompanhado. olha lá, foi demais ter ido com vossa excelência ao concerto. bute ver mais coisas. bora pensar
17.9.07
14.9.07
sábado, dia 15 de setembro
scolari
eu compreendo que alguém insultar a nossa família em espanhol nos possa tirar do sério, e compreenderia que o senhor scolari partisse as trombas a um palerma qualquer que fizesse isso numa noite ali no bairro alto, mas já não posso aceitar que assim reaja no momento em que está a representar portugal numa competição com tantos adeptos e que, quer gostemos quer não, participa grandemente na criação da imagem que o mundo tem sobre o nosso país.
o senhor scolari é pago principescamente exactamente para ser um profissional à altura da exigência e da dificuldade do cargo que ocupa. é pago assim para saber como dirigir uma equipa que leva o nome de um colectivo de dez milhões atentos e esperançados.
por outro lado, só quem nunca foi ao futebol não se apercebeu ainda que, no contexto dos jogos, o que não falta são insultos cabeludos às famílias de toda a gente. por norma não virão dos jogadores mas, por norma, vindos de onde vierem, não resultam em violência física.
o descontrolo do senhor scolari é inadmissível, mais ainda porque o orgulho e a teimosia por que é conhecido o impedem de admitir em toda a linha que o que fez não podia nunca ter ocorrido e que o seu cargo deve imediatamente ficar à disposição de outro seleccionador.
o fim da carreira de scolari desta forma é humilhante, mas ninguém o humilhou senão ele próprio voltando a colocar uma mancha no futebol nacional no que diz respeito a desacatos em jogo.
é assim como vejo as coisas, porque considero que as responsabilidades de cargos assim assumem-se, e falhas graves têm de ter consequências graves. não se pode querer ter onze homens em campo imbuídos dos preceitos mais éticos e depois andar ao estalo aos jogadores adversários. o soco de scolari, na verdade, foi um soco em si próprio. e com ele, acho mesmo que deve tombar