29.11.07

o remorso de baltazar serapião - a primeira edição está a acabar


depois de lhe ser atribuído o prémio josé saramago, o remorso de baltazar serapião tem a sua primeira edição a esgotar-se. para bibliófilos e demais apreciadores, fica a dica de que vai, dentro de dias, entrar à venda a segunda edição, que trará uma nova capa e uma nova paginação. a primeira edição (capa acima) tornar-se-à coisa mais rara, e ao dispor de quem ainda a conseguir encontrar

os filhos do esfolador - teatro - estreia sexta feira, dia 30


o teatro jangada, de lousada, com encenação de joaquim nicolau, leva à cena uma peça da minha autoria intitulada «os filhos do esfolador». o texto foi criado a partir de um conto de camilo castelo branco, «o cego de landim», e foi adaptado numa perspectiva mais sarcástica que a do autor novecentista. o joaquim nicolau entendeu partir do meu texto para uma hipótese ainda mais inesperada, transformando a peça numa comédia popular, com folclore do minho e bês pelos vês sem pudor. o resultado é uma hora e meia delirante como o camilo nunca poderia prever.
para memória futura, fica a edição do meu texto em livro, numa edição ulta-limitada apenas vendida pela própria jangada. é uma edição realizada pela cosmorama, mas exclusivamente para a noite de estreia, pelo que não será comercializada em livraria alguma. a única hipótese de aquisição passa pela jangada.
a peça estreia na sexta-feira, dia 30, às 21.30h, na casa das artes de vila nova de famalicão. e aí continua nos dias 1 e 2 de dezembro. depois, dias 10, 11 e 12 de janeiro, apresenta-se no auditório municipal de lousada.
aproveito a oportunidade para deixar um abraço grande a todos os elementos da jangada, gente de bem, de quem gosto, e ao joaquim, boa praça, sem tretas.
informações e reservas: 252.371.297

28.11.07

a notícia mais esperada para o acontecimento mais perigoso de 2008

não posso crer que os my bloody valentine voltem, banda com quem destruí os ouvidos (por vezes deitavam sangue de os pôr em altos berros na minha sony toda preta que podia dar concertos em festivais de verão). não posso crer que em 2008 editem um disco novo, composto com temas esquecidos do início de 90 e com algumas coisas recentes. não posso crer. e tenho medo. a felicidade do meu passado tem directamente a ver com muitas horas a ouvir esta distorção. não me venham agora distorcer o juízo com tretas, não tanto tempo depois. sou, cada vez mais, um rapaz saudável. ai que saudades














disse-lhe mil vezes tudo o que pensava sobre ela e sobre o que restava do nosso amor. sei bem que podia ter voltado a repetir. mas foi o meu limite. saí porta fora e convenci-me de que o amor pode ser mais do que ver com alguém os mesmos extra-terrestres, as flores que crescem nas paredes dos quartos, a voz da vizinha morta que debita receitas de cozinha ou o amplo bucal do tempo que nos sorve

27.11.07

a cerveja tagus decidiu fazer uma campanha publicitária homofóbica, defendendo um «orgulho hetero» e criando uma página na web para encontro de todas as almas que sintam necessidade de mais espaços para conhecerem outras pessoas que, como elas, sejam indubitavelmente hetero. é, no mínimo, estranho que uma cerveja opte tão claramente por se ficar com um target definido por uma questão tão delicada. mais ainda quando estes ideais nazis urgem ver-se eliminados da face da terra. nunca pensei que uma marca comercial se suicidasse desta forma, defendendo a descriminação homofóbica, uma das posturas mais repugnantes que se podem ter. a seguir inventarão cervejas para quê? para brancos? ou só para cristãos? e que tal só para gente parva? dá para medir isso?


edição limitada de 333 exemplares - jorge palma, na rastilho records - a não perder


“com uma viagem na palma da mão” é o primeiro álbum de jorge palma, editado originalmente em 19 de setembro de 1975, esgotado hà mais de 20 anos. a rastilho tem o prazer de anunciar, para a primeira semana de dezembro 07, uma reedição em vinil preto, em capa de 350grs, limitada a 333 exemplares. remasterizado por nélson carvalho nos estúdios da valentim de carvalho, "com uma viagem...." tem 13 temas, dos quais se destacam "deixem voar este sonho", "giselle", "poema flipão" ou "o fim". simplesmente indispensável, um autêntico clássico para um dos melhores songwriters portugueses de todos os tempos.
rastilho:
apartado 764 | e.c. marrazes | 2416-905 leiria.tel: 96 5823791| 96 5078482| 91 8748840

25.11.07

quanto custa a cultura - é a questão que se faz


aos convidados de um ciclo que está a decorrer no auditório da reitoria da universidade do porto, moderado pelo excelente antónio pedro pita. no dia quatro de dezembro, às dezoito horas, o meu amigo paulo brandão, director artístico do theatro circo de braga, será, juntamente com maria joão vasconcelos, o senhor das respostas. estarei lá. estejam também. a entrada é livre

23.11.07

mesão frio

vou passar o fim de semana em mesão frio, no solar da rede, com o patrocínio do grupo cs hotéis, e convite de manuel alberto valente, para uma reunião de seis poetas. juntam-se: fernando pinto do amaral, eduardo pitta, helga moreira, manuel antónio pina e juan carlos mestre. até segunda

pedro teixeira neves

a demanda do bravo cavaleiro dom quixote - um sério divertimento - publicação on line de um livro recusado por não querer incomodar - este é o título do que se está a publicar em episódios no blogue do amigo pedro teixeira neves que, parece, está com vontade de dizer coisas. vale a pena acompanhar. por tudo

esta noite

esta noite, a partir das 23.30h, sandy kilpatrick and the pilgrims of light ao vivo no meu mercedes. se eu não tivesse de ir para mesão frio, estaria batido no mercedes a curtir à grande este concerto. façam isso por mim, se fazem o favor


21.11.07

amanhã, no público e na visão

por um preço simbólico, o novo cd, «à noite», de carlos carmo. onde poderão escutar poemas de maria do rosário pedreira, nuno júdice ou fernando pinto do amaral

é amanhã, nuno júdice nas quintas de leitura com imagem de isabel lhano


e uma petição em protesto pelo despedimento do cozinheiro seropositivo

quiche

xaram, já sei fazer quiche. sim sim. fiz. está feita e comida e maravilhosa. massa, alho francês, azeitona preta, milho, cogumelos, bambu, bacon, orégãos, alho em pó, sal, ovos. se tiverem ideias para quiches fabulosas, agradeço. fiquei rendido à experiência. depois das sopas e das saladas, quiches. estou quase a conseguir chegar ao arroz. hehehe

entre 22 e 24 deste novembro toda a gente vai querer sexo mas, para além disso, toda a gente vai querer saber de cesariny na cupertino de miranda


para salvar o cinema águia d'ouro

20.11.07

ou é melhor adiarmos. estive de cama muito doente e provavelmente não estou em condições para assegurar a tua felicidade. fica para depois. no mesmo sítio, em data a combinar. xau
vem encontrar-me ao pé da igreja. sei de um sítio. às cinco da tarde. não faltes

19.11.07

peixe: avião, nova excelente música portuguesa


o que agora se apresenta, com o nome invulgar de peixe: avião, é tudo menos coisa para esquecer ou deixar cair. poucas vezes uma primeira gravação surge com a maturidade de projecto e a qualidade global com que esta o faz. poucas vezes encontramos uma tão valiosa estreia em que a composição é excelente, o desempenho é excelente, as melodias são defendidas por uma voz excelente e as letras têm sentido e suscitam muito mais do que a fonética harmónica que precisam de ter.
andré covas (guitarras e sintetizador), luís fernandes (guitarras e electrónica), pedro oliveira (bateria e percussão), ronaldo fonseca (voz e sintetizador) e zé figueiredo (baixo e mellotron), são o quinteto que se sustenta num pop seguramente pós-radiohead, com muito do que a electrónica tem inventado para a melhor da música actual, encontrando um espaço próprio pelo lirismo grande que não se coíbem de manifestar, mais uma bem medida rítmica que os torna algo suaves sem nunca os atirar para ambiências melosas ou mais abstractas. o trabalho dos peixe: avião é inteligente em demasia para cair em bacocas fórmulas, é profundamente marcado pelo bom gosto e demarca-se numa delicadeza que nunca descamba em temas flácidos.
tenho a certeza de que braga viu poucas vezes um projecto deste calibre nascer, assim como acredito que o mundo estará doido se uma editora séria não correr a contratar esta formação, porque estou convencido que a portugalidade que defendem, cantando (bem) na nossa língua, e o moderno que são, fará facilmente dos seus temas clássicos que poderão partilhar lugar com inesquecíveis contributos como os melhores dos sétima legião.
em escuta num my space perto de si (http://www.myspace.com/peixeaviao), o futuro de muita música portuguesa poderá estar já ao seu dispor, para não esperar, para não desperdiçar a possibilidade de usufruir agora mesmo de algo tão manifestamente bom.
entre os avanços e recuos que a música nacional tem criado, os peixe: avião impõem um avanço claro, feito de ser inevitável abrir-se um espaço para o seu som, muito inusitado, tão bem produzido, quase urgente, para que se pense em português cantado com uma modernidade que faz falta, garantindo uma qualidade que já não se via aparecer desde há muitos anos. com este começo, estou seguro de que este peixe ainda há-de voar nas nuvens e acima, talvez melhor do que um avião

http://www.ruipedro.net/


sempre me impressionou a história do desaparecimento do rui pedro. numa infindável procura, a sua família agora abre uma página na internet com todas as informações possíveis para que se consiga chegar ao rapaz que hoje deverá já ser um adolescente com o aspecto com que o vemos neste desenho. podemos todos visitar a página e ficar atentos. ainda seria uma alegria grande para todos nós, enquanto sociedade, enquanto seres humanos, que este rapaz voltasse aos cuidados da sua família. aqui o endereço

luís silva - um ilustrador para mais do melhor do mundo



o luís silva, amigo de mais, é das raras grandezas de portugal na ilustração.
colaborador fixo da revista visão, tem feito o seu percurso com alguma discrição, passando por projectos inúmeros que agora culminam no aparecimento dos seus dois primeiros livros.
o livro da avó (com texto seu) e o senhor das palavras (com texto da isabel rosas), acabam de sair na boa afrontamento, impondo o trabalho do luís imediatamente. quem esteve, no sábado passado, na fnac do norte shopping a ouvir o abi feijó a falar sobre o livro da avó, compreendeu que o que aconteceu agora foi o vir ao de cima de um nome que vai marcar decisivamente o mundo dos livros «com bonecos» em portugal. por isso, e muito mais, muito me orgulho de vos convidar a visitarem o novíssimo blogue do artista, bem como a sua renovada página pessoal, onde encontrarão muitas imagens e informação diversa

18.11.07

labirinto – ideias escuras sobre o novo barroco de isabel padrão


a pintura portuguesa encontra em isabel padrão a sua mais competente e valiosa seguidora de um novo barroco, capaz de completar uma tela com uma miríade de elementos tal que, sem dúvida, a primeira sensação criada no seu espectador passa pela ocupação urgente do espaço; uma mediação das formas entre si, como se caber no quadro adviesse de uma digladiação entre os egos dos diversos elementos.
a ocupação aturada do espaço da tela é, contudo, e ao contrário do que à primeira vista nos possa parecer, algo ordenada, na sua base obedecendo a uma interposição ou sobreposição de padronizações que se limitam umas às outras mas que não se anulam. quer isto dizer que, embora complexas, as composições de isabel padrão não se motivam pelo caos, antes pela sua insinuação, uma vez que, nos seus detalhes tudo se mantém perfeito e até indiciador de equilíbrio. poderíamos considerar que não tende para o caos mas vem dele, como se encontrasse um caminho para o tornar legível, habitável, profundamente estético.
o processo de isabel padrão afina-se por um efeito de colagem que opera pela sobreposição sucessiva dos elementos. existe um plano de fundo, já de si fragmentário, vário e suficientemente exuberante pelas suas cores e complicadas formas, ao qual se apõem novas referências. o que se sobrepõe, ainda assim, estando em evidência, não impede que, muitas das vezes, o fundo ressalte. para isso, a pintora utiliza amiúde o preto e branco nas figuras de primeiro plano, que não competem, simplesmente se colam sobre o jogo prévio. os quadros de isabel padrão são, em grande medida, a criação de tabuleiros delirantes onde as peças se colocam fora de casas, porque nada está absolutamente certo e nada está errado na composição resultante. são tabuleiros conseguidos por inteligentes relações entre estranhos, transformando o retalho de cada padrão num participante sempre importante, nunca menosprezando o mais ínfimo pormenor.
numa fórmula gráfica inteligente, que alia a contemporaneidade com o imaginário de outras épocas, a pintora cria um universo que mescla o efusivo dos planos de fundo com a austeridade e solenidade dos items apostos sobre eles. o uso destes elementos em preto e branco, com alusões quase sempre relativas a um mundo místico, funciona como imagens vistas em vórtices oníricos. há qualquer coisa daquelas velozes visões dos sonhos, nas quais se abrem espirais de cores onde alguns rostos e objectos se destacam com uma importância tantas vezes desconhecida para nós. perante as telas de isabel padrão podemos experimentar essa sensação bizarra de se ter cortado o tempo e, numa voraz torrente de luz, como um caleidoscópio que se acende intenso, algumas figuras se mostram como percepções espirituais ou manifestações do subconsciente. figuras que se relacionam só assim, por essa conexão insondável do sonho, acima das lógicas tão limitadas da razão.
é curioso que o resultado final das obras tenha que ver com um certo misticismo e até espiritualidade, porque em verdade o que acontece é a utilização do pendor decorativo dessas referências que acabam por impor ao quadro um tom desmistificador. se é notório o fascínio da pintora pelo imaginário mitológico e religioso, também é certo que a ele deita mão numa liberdade tal que o instrumentaliza, esvaziando-o do seu teor sagrado para o preferir pela directa vantagem estética. a perseguição de uma beleza gráfica, irónica e até sarcástica, é feita dessa vontade de transgredir perante os preconceitos erigidos sobre determinadas figuras ou assuntos para expor tudo pela sua natureza formal, despido de crenças ou qualquer espiritualização. neste trabalho, a morte, a medusa ou o anjo, bem como os símbolos cabalísticos, são meramente formais, como se participassem feridos na sua força simbólica. são símbolos, e como tal não poderão nunca esquecer o que representam, mas jogam nestes tabuleiros como outros objectos colocados num universo autónomo. não parece haver uma vontade de chocar pela facilidade, agredindo o que as figuras representam, existe antes um fascínio pelo que são enquanto metáforas dos anseios humanos. a transgressão que isabel padrão pode levar a cabo não pretende nunca tornar-se agressiva ou violenta por si só, é antes uma manifestação de liberdade que reclama o direito de despir todas as coisas do seu suposto carácter inviolável.
este facto de a aparente aspereza das composições de isabel padrão não ser consumada, revelando antes um contexto puramente humano e delicado, também é ajudado pelo lirismo que domina todo o trabalho. existe uma poeticidade grande de todas as telas, encontrada no romantismo de muitas figuras e na feminilidade acentuada das cores e padrões, remetendo inegavelmente para os papeis de parede mas, também, para os tecidos meticulosamente bordados, trazendo discretamente tudo quanto acontece para cima de mesas requintadas ou colchas de luxo. esta perspectiva de que os tais tabuleiros podem ser elaborados com fragmentos de tecidos cuidados, torna a pintura profundamente mais feminina e, ab initio, assumindo uma grande sensibilidade.
a pintura de isabel padrão é labiríntica, profundamente subjectiva, mais ainda por esse efeito claro de preferir as referências que usa pelo seu lado formal mais do que simbólico, o que torna tudo uma questão pessoal, como se entrássemos na cabeça de alguém e, obviamente, deparássemos com o seu complexo modo de funcionamento, muito para além daquilo a que estamos habituados a perscrutar ou até pressupor. é, pela sua força própria e genuína intensidade, uma revelação de carácter, levando a um dos mais demarcados estilos da pintura portuguesa recente. para uma determinada escola portuense, isabel padrão poderá ser um dos seus nomes cimeiros, autora de uma das obras mais fracturantes e, ao mesmo tempo, capazes de elogiar o passado; capaz, no fundo, de ser quem é enquanto autora e dotar a sua arte da estrepitosa diferença justificada por uma opção barroca incrivelmente honesta; uma opção, insisto, na génese de uma das obras mais valiosas da sua geração em portugal

isabel padrão e roberto machado na cooperativa árvore até 4 de dezembro, só perde quem perdeu a cabeça

isabel padrão (talvez a tela mais impressionante da sua exposição):


roberto machado (um dos trabalhos de que mais gosto, carregado de vermelho num misto de desfoque e estranha energia):


na página da árvore podem ver e saber mais

o novo número da nada (o dez) já está disponível


vejam mais aqui
o contrário do tempo é o blogue do fernando aguiar, um poeta ainda performer, como poucos são capazes. o mais a sério em portugal neste momento, sem dúvida

14.11.07

rui effe, parabéns. obrigado pela amizade e fidelidade

viena

viena

parabéns jorge melícias. grande abraço e obrigado pela fidelidade

8.11.07

mais uma vez, as mulheres vieram bater à minha porta para me perguntarem se as flores vermelhas haviam nascido para dentro de casa. eu disse que não. que fechava as janelas à noite e que elas se retraíam, voltavam ao jardim. no dia seguinte, espreitariam certamente, mas mais nada. desconfiaram. quase arrombaram passagem para se assegurarem de que eu não estava a mentir. não gosto quando me julgam capaz de esconder algo tão pouco importante. fechei-lhes a porta na cara, como mereciam, mas fiquei a pensar se não seria melhor deixar as janelas abertas uma só noite. o suficiente para que a casa ficasse semeada, como um sangue que se transferisse para uma intimidade tão diferente mas tão importante para mim agora

5.11.07


sábado, dia 10, inaugura a exposição «polarity», do duarte vitória, na galeria nuno sacramento, em aveiro. às 22 horas. o texto do catálogo é da minha autoria. a pintura do duarte é digna de se ver. a entrada é livre. apareçam
uma entrevista na página do círculo de leitores