27.2.08

graciosa e terceira

o que vi nos açores - graciosa e terceira - não tem explicação. parou-me tudo a cada passo. os açores, pelos meus olhos, são do mais incrível que o mundo tem. não tenho máquina fotográfica suficiente, nem habilidade, menos ainda, para vos mostrar o que vi.
mudo a imagem de abertura deste blogue para uma fotografia que tirei em santa cruz e que não é nada comparada com a verdade. fica aí para deixar um abraço a todos os que me acompanharam e receberam, no âmbito das iniciativas da festa redonda.
um abraço muito especial ao senhor gabriel melo, que me deu a graciosa de coração, e também à inês d'orey e ao nuno coelho, à laura e à violante, à laurinda e ao josé cunha, ao helder, ao januário, ao marco e ao miguel, à filipa e ao rui e à teresa, à margarida e ao paulo e ao antónio, e à marisa, e aos fitacola todos, e ao secundino e ao dr. jorge, e ao rui neves, e à miúda da loja das roupas, que me deu um beijo, e absolutamente a todos os de mais, pela franca cumplicidade, cuidado e alegria

emerenciano


Vamos Conversar, Desenho e pintura de Emerenciano

Inauguração – dia 23 de Fevereiro de 2008 pelas 17,00 h. - até 29 de Março 2008

Ao Quadrado Galeria de Arte Contemporânea, Rua S. Nicolau, 26, Santa Maria da Feira

Contactos – email: aoquadrado.galeria@sapo.pt, 256375166, www.ao-quadradogaleria.com


temos todos medo da verdade

(Ecce Homo) Nietzsche

Não posso dizer porque nasci, nasci, sem ter sido ouvido, nem podia. Nasci para nascer, porque quero, ou, simplesmente por estar e não, sem saber também às vezes se quero, existo e é tudo. Sem perceber o que sou, nem importa, é suficiente saber que do lugar de partida trago o que me é peculiar - e uma crença que permite iludir-me ainda em diferentes campeonatos. Desiludido às vezes, vejo-me na minha indigente espécie animal tentado pela artificialidade dos perfumes, reconhecendo a presença dos melhores odores nas plantas. Mas não sou planta, não tive escolha, e tendo em conta o esforço pessoal da minha sorte, condicionado por processos de perda, nomeadamente de tempo, não vegeto, sinalizo-me. A voz pessoal irredutível, parte de um todo no meu processo de afastamento e regresso ao mundo, recusa a realidade do murro e o insulto, mas não a metáfora. Assim poiso a pistola sobre a mesa e digo que nunca serei um homem bomba, indo e vindo, atado a um continuado desenho que aproxima o dentro e o fora da existência labiríntica. Não nego a essência próxima dos primeiros choros, dos gestos de indicação, das meias palavras, e o rio infinito, superficial ou fundo de todas as provações. O presente se me escapa como se não houvesse, justificando a utilidade das conversas que sustentam a obsessão de algo que procuro através da pintura. Nascida no passado, na senda do verbo indissociável, percebo melhor o pintor, e digo que sou artista plástico, ou nem sequer o sou. Penso no futuro, sabendo que não chegarei lá. Ninguém chega. A determinação pertence a poucos, a sorte a menos ainda, e alguns já desmobilizaram. Eu não o farei. Pelo menos nos próximos anos.

Emerenciano

este é o texto do hugo loureiro sobre a exposição teorema de valter no museu nogueira da silva, braga

Nota prévia em jeito de glossário:
artistar | v. t. executar a actividade de um artista/criador/autor.

Um artista convida outro a artistar num período definido de tempo e a apresentar resíduos do seu corpo artista (em estado de ‘artistamento’) recolhidos nesse período. São apresentadas a proposta do primeiro – Paulo Brandão –, o produto artístico do segundo – valter hugo mãe – e os resíduos do corpo deste, como provas de que se artistou.
De uma forma simplificada, é com esta instalação que o espectador se depara ao confrontar-se com ‘O Teorema de valter’. Mas Paulo Brandão deixa vestígios nesta obra de questões bem mais intrincadas.
Começo pelo tempo. A criação de um qualquer objecto artístico tem sempre um tempo. Bastante indefinido no seu início. Tangencialmente definido no seu fim. O tempo de quem cria. O tempo de quem vê. O tempo em que a obra existe enquanto ideia. O tempo em que a obra existe enquanto materialização da sua ideia. O tempo em que a obra passa a existir como registo de si mesma (apenas algumas o fazem). O tempo em que a obra passa a existir como reflexo das obras que existem no seu tempo (a poucas se permite tanto).
A ciência (não nos esqueçamos que a proposta que enquadra esta instalação é um olhar ‘da sociedade’ sobre a ciência e os cientistas) conseguirá provar que os resíduos são do valter (a nós resta-nos acreditar). Conseguirá provar que os resíduos foram recolhidos no tempo compreendido entre o convite para criar um texto e a fixação material do mesmo. E, utopicamente, conseguirá num futuro longínquo (em que a arte se reflecte num factor genético qualquer passível de ser quantificado, qualificado e classificado) provar a existência desse texto em latência a partir das provas corporais apresentadas (a nós resta-nos não considerar esta possibilidade demasiado ridícula).
Conseguirão a arte ou a ciência, um dia, definir claramente qual o tempo de uma obra? Definir um nascimento e um óbito?
Há também a questão da existência da arte antes da sua materialização (assumo aqui que a arte é o somatório dos períodos em que é ainda uma ideia e em que já é uma obra materializada). Conseguirá um criador provar que a obra que cria é a materialização da enunciação que fez dela ao iniciar o processo de ‘artistamento’? Ou deverá delegar esta responsabilidade à ciência, com os seus métodos, ferramentas e objectivos?
Poderá ser uma relação de dois sentidos, ao considerarmos que um cientista, ao interpretar, descodificar e avaliar os seus objectos de estudo, necessitará igualmente de artistar de modo a poder reunir as informações disponíveis, criar as informações ocultas, interpretar este conjunto e dar-lhe um sentido (escrevo isto e apercebo-me que qualquer espectador se pode identificar com este cientista). Conseguirá, então, um cientista provar que o objecto que estuda é a materialização da enunciação dele ao iniciar o processo científico?
Sente-se ainda o derradeiro desafio, latente na enunciação do autor deste teorema: estaremos perante um artista se a obra existir apenas nele e nós tivermos o acesso a ela negado? Competirá aí à ciência provar (ou não) a existência da obra apesar da sua não materialização.
HUGO LOUREIRO

para ver notícia sobre a exposição clique aqui

o antony com o projecto hercules and the love affair

escrevi o texto para o catálogo do mário vitória na galeria nuno sacramento. sem dúvida um dos meus pintores de eleição


uma exposição da carla gonçalves só se perde se se for muito muito muito lorpa


estou de volta

20.2.08

uma semana nos açores. beijos. quando voltar publico vencedor do grande concurso e conto-vos sobre quem lhe pôs a mão sabendo que é minha. ou então tenho ligação à maneira no lugar onde estarei alojado e passo por cá para vos infernizar a vida, como sempre

19.2.08

desafio

a teresa do pedra sobre pedra passou-me o desafio de aqui apontar doze palavras importantes para mim. e assim assumo:

mãe - pela raiz, pelo incondicional, pela eternidade de cada coisa por se guardar no mais insondável e absoluto dos sentimentos
poesia - pela raiz, pelo incondicional, pela eternidade de cada coisa por se guardar no mais insondável e absoluto dos sentimentos
amor - pela raiz, pelo incondicional, pela eternidade de cada coisa por se guardar no mais insondável e absoluto dos sentimentos
sexo - pelo efémero, pela intensidade e ferocidade, pelo incontrolável e pela urgência em repetir
música - porque só assim é possível melhorar o silêncio (além da tua voz)
futuro - porque todo o passado, enquanto passado, é inútil. para cada coisa, só o que vem é sustento
casa - porque é onde estamos. onde ganhamos tentáculos livremente, espalhando nossas energias pelo mundo ao largo dos olhos dos outros
pai - porque sim
lacrau - não posso explicar agora
cinema - filmes e filmes onde choro de felicidade. há coisas que não parecem possíveis. eu fico pasmado sempre e talvez mais. existir fascina-me
paris - como um magma, onde as casas parecem ter complemento natural para o encaixe do corpo
quito - um amigo imaginário

e passo o desafio ao nuno gomes e ao josé vilas boas.


17.2.08

um presente que guardo aqui

segunda, dia 18 fevereiro, braga, theatro circo, a não perder

dream pop down-tempo psychedelic
pluramon & julee cruise
18 fevereiro, segunda, 22.00, sp
www.myspace.com/pluramon
www.myspace.com/juleecruise
€ 15

de presença fatalmente hipnótica, a consagrada julee cruise junta-se a pluramon para interpretar as suas melhores sonoridades, inclusive do recente “the monstrous surplus”. criadora de composições que lhe garantiram enorme notoriedade, a cantora, compositora e actriz norte-americana é ainda a dona da voz angelical que transformou “falling” – tema principal da série de culto “twin peaks” onde participou também como actriz – numa das canções mais emblemáticas do universo televisivo e cinematográfico internacional. aclamada pela crítica e por nomes como david lynch e angelo badalamenti, julee assumiu ainda a participação no lendário “blue velvet”, colaboração da qual resultou “floating into the night”, álbum assumidamente favorito de tim booth (james) e de moby. com pluramon, projecto que marcus schmickler concebeu sob uma perspectiva inovadora da música electrónica, a diva entrega uma voz límpida e luminosa a sonoridades que se desmultiplicam entre a dream pop, o folk ou um rock tendencialmente onírico. concerto obrigatório, portanto

hoje no jornal de notícias lê-se esta entrevista que me fez a helena silva

1. lançou um desafio a vários artistas plásticos para lhe fazerem um retrato. puro exercício egocêntrico?

juro que não.


2. em janeiro do ano passado, a capa do seu livro de poesia “pornografia erudita” é também um exercício artístico, com um nu de nelson d’aires. esse nível de exposição dá-lhe prazer?

a pergunta não é explícita quanto ao facto de ser eu o retratado e estar nu, frontal, na capa do livro; e isso é o que as pessoas vão gostar de saber. não me sinto exposto. se me der prazer é por ser uma fotografia de qualidade do nelson e eu ter podido proporcioná-la de alguma forma.


3. explicou que era uma forma de ilustrar a violência com que havia sido confrontada a sua vida pessoal. sujeita ao juízo do outro, não pode a exposição da nudez ser ela própria uma violência ou está apenas sobrestimada?

ao juízo do outro? mas o que há para ajuizar? sou um homem, tenho dois braços, duas pernas, cabeça, tronco e uma pila ao dependuro. já não há muita filosofia acerca disto.


4. é leitor de fernando pessoa. há em si também vários “eu”? por exemplo, há alguma coisa em si de baltazar serapião, ou tudo em si é bom e limpo?

todos somos feitos de energias positivas e negativas. somos até dotados de paradoxo. só assim podemos ter a esperança de não sermos chatos. e o baltazar também tem coisas boas, por exemplo, sente um amor infinito.


5. é por isso que cultiva amigos imaginários?

os meus amigos imaginários são, conscientemente, imaginários. tenho pena de nunca ter tido daqueles verdadeiros que os miúdos por vezes inventam. desses é que eu queria.


6. o que conta, nesse paralelo, a amália, lars von trier, david lynch, óscar wilde?

sou um deslumbrado por pessoas e não podia deixar de deslumbrar-me por quem parece andar palmos acima dos outros mortais. alguns criadores quase tornam desnecessária a existência de deus. a billie holiday, por si só, vale uma religião inteira.


7. por que razão os seus amigos imaginários vivos não são reais?

quê?


8. em 1999 aceitou o desafio de jorge reis-sá para integrar a quasi edições, por lhe parecer uma ideia “doida”. tem predilecção pelo que não é lúcido?

não. não bebo álcool, não fumo, não uso drogas. sou um homem muito lúcido e assim me preservo. por isso, talvez, me fascine por quem me proponha algo que, à primeira vista, parece fora do meu alcance. gosto de ser desafiado, se houver no desafio um sonho honesto. o sonho do jorge era muito real.


9. o “casamento” acabou em 2004, tendo saído em conflito com reis-sá a quem dedicou um poema chamado “no funeral do reis-sá”. vinga-se sempre de quem o desilude?

quem lhe disse que saí em conflito com o jorge? saí, e escrevi uma carta linda que mandei a muitas dezenas de pessoas, incluindo jornalistas, dizendo o quanto a quasi havia sido importante para mim e que chegara o momento de pensar em outras coisas. «o funeral do jorge reis-sá» é um poema de saudade, nunca de desprezo. e hoje continuo amigo dele, talvez mais do que ele próprio imagina.


10. as editoras não parecem ser o seu lado mais bem sucedido. a “objecto cardíaco” morreu de enfarte?

as quasi edições foram mesmo criadas por mim e pelo jorge enquanto projecto profissional. durante os primeiros 4 anos decidi – com ele, claro – linhas fundamentais para o sucesso daquela marca. muitos dos seus autores de sucesso foram escolhidos e «trabalhados» por mim. dizer que não tive sucesso como editor é pura maldade. a objecto cardíaco morreu atropelada no trânsito. sabe como são as estradas de portugal.


11. lida bem com os fiascos?

estou vivo. ainda não tive o grande fiasco da minha vida, acredite. há sempre a possibilidade de falhar melhor. até lá vou indo muito bem.


12. e com os elogios? josé saramago comparou-o a um tsunami. revê-se nessa espécie de “onda abrupta criativa”?

sou um bocado agitado mas, como é mais por dentro, compreendo que custe a crer. mas sou um bocado abrupto, sim. também lho juro, se for preciso.


13. na escola, as suas redacções já faziam adivinhar o futuro?
acho que não. não dava erros. era bem comportado. muito discreto. os professores de português não reparavam em mim. hoje, eu lembro-me de alguns, mas eles conhecem-me como autor e não imaginam que me tiveram como aluno. às vezes acho isso frustrante, raios os partam.


14. ainda gostava de ser igual a adolfo luxúria canibal. porquê?

vou querer sempre ser como ele, porque é um artista excepcional que se faz a partir de um homem de incrível valor humano. queria muito ser um excelente artista sem nunca deixar de ser profundamente cumpridor dos princípios mais humanistas.


15. têm, pelo menos, em comum o curso de direito. imaginar-se-ia a exercer a profissão ou só trocaria mesmo arte por arte?

odeio o exercício do direito. adorei fazer o curso. se me deixarem ganhar a vida com a arte fico-lhes muito agradecido e acredito que, esporadicamente, serei feliz.


16. é verdade que a sua recordação mais nítida do 25 de abril de 1974 é a criança loura que nunca tinha visto?

sim. um rapaz que dizia: «eu cá vou brincar para ali; eu cá estou cansado». nunca mais me esqueci disto.


17. e da convulsão real desse dia, que recordação tem?

da minha mãe a segurar-me de encontro ao peito e de acharmos que uma bala nos mataria. fomos para o carro e o meu pai conduziu para um lugar onde as pessoas estavam felizes. mas disso, infelizmente, já não me lembro.


18. às vezes “é como se deus existisse e quisesse que eu acreditasse nele”,

escreveu. a fé, para si, é uma luz intermitente?

é. quando estou muito zangado, não tenho fé e digo coisas muito feias.


19. é o que o salva ou o que o faz querer salvar alguém?

não. o que me salva sou eu e a minha família e os meus amigos e muitos desconhecidos que, acredito, enviam energias positivas para o universo. adorava acreditar que salvo alguém mais. gosto das pessoas. quero que elas sejam felizes, com fé ou sem fé.

11.2.08

teorema de valter - por paulo brandão


no museu nogueira da silva, em braga, decorre uma colectiva onde se insere uma instalação do paulo brandão intitulada «o teorema de valter», que recolhe: um texto meu, o meu cabelo, as minhas unhas, os meus pêlos púbicos, a minha urina e o meu esperma. a fotografia inclusa é do rui pires

segundo concurso incrivelmente fabuloso casadeosso


proposta da filipa cruz

segundo concurso incrivelmente fabuloso casadeosso


proposta de joão catalão

segundo concurso incrivelmente fabuloso casadeosso



proposta de paulo garcez
do blogue dá-me música

segundo grande concurso incrivelmente fabuloso casadeosso



proposta do diogo campos
do blogue the void

segundo grande concurso incrivelmente fabuloso casadeosso


proposta de sofia alves

segundo grande concurso incrivelmente fabuloso casadeosso


proposta da mafalda martins

segundo grande concurso incrivelmente fabuloso casadeosso


proposta de isabel lhano

as coisas boas da vida

6.2.08

segundo concurso incrivelmente fabuloso casadeosso


proposta de ricardo fonseca
regulamento aqui

segundo concurso incrivelmente fabuloso casadeosso



proposta de miguel costa
regulamento aqui

segundo concurso incrivelmente fabuloso casadeosso



proposta de pablo
regulamento aqui

segundo concurso incrivelmente fabuloso casadeosso


proposta de bruno lopes
regulamento aqui

segundo grande concurso incrivelmente fabuloso casadeosso


proposta de joel vilas boas
responsável pela página http://www.j85.com.pt/
regulamento aqui
«A concepção da peça VHM – O Retrato baseou-se em ilustrações criadas a partir do meu traço pessoal.
Os desenhos que se encontram mais à direita na composição plástica dão forma a um ambiente espacial, onde podemos encontrar pequenas animações de carácter ambíguo. Essas pequenas animações independentes, que no conjunto formam um todo, surgem da cabeça do VHM sugerindo mundos imaginários, fantásticos, pensamentos, reflexões, ideias! A diagonal presente na composição plástica estabelece uma ligação entre o clima de criatividade e as origens africanas do VHM. Nessa diagonal encontramos a figura do VHM, na qual se pode verificar uma intervenção caligráfica na parte do rosto. Além dessa intervenção caligráfica, as linhas paralelas (lembrando uma folha de papel) situadas no rosto e do mapa de África constituem uma analogia à actividade do escritor. O preto/branco domina toda a composição porque os dois constituem um equilíbrio visual que não afasta o espectador dos vários elementos que formam a peça. A mancha de cor (vermelho), colocada sobre o rosto do VHM, permite dar destaque à figura do VHM e concede um carácter espontâneo/criativo à composição plástica!»

segundo concurso incrivelmente fabuloso casadeosso


proposta de joão concha
regulamento aqui