31.1.10

ainda não abri a janela. ouço madrugadores de domingo e até lhes tenho medo. gosto dos domingos decadentes, a dormir, pouca luz, um livro à beira e silêncio. gosto dos domingos de pijama, quentes em casa, sem precisar de dizer palavra, sem comer nada de jeito, sem fazer mais do que ler, dormir, ler, tomar notas, dormir, ouvir a reedição dos mão morta, dormir. ah, e à noite, ali mesmo à hora dos vampiros, vestir algo gótico e ir para o maus hábitos, para o passos ou para o mercedes e curtir um som. uma destas noites, esgar e eu não fui. kitten e eu não fui. caramba, não consigo ir a lado nenhum. quero uma festa de bauhaus e joy division, sonic youth e the cure, com muita muita urgência

8 comentários:

  1. Valter, acabei de ler a máquina: é angustiosa.
    entretanto, encho este espaço com a história (está no meu blogue) de uma amigo meu, já falecido.

    "Perto de minha casa há uma loja que vende esquifes. Eu tinha ido comprar jornais na banca da esquina e resolvi passar na loja para escolher eu próprio meu caixão. Seguiu-se:
    - Bom dia! Eu gostaria de ver alguns caixões"
    - Oh, meu senhor, sinto muito! E para alguém de sua família?
    - Não. É para mim mesmo..."
    - Pro senhor? Mas o senhor tá vivo!
    - Por enquanto, meu caro. Tenho um câncer comendo-me as entranhas...
    E o sujeito ficou verde.
    - Acompanhe-me por favor."
    E lá fui eu, para o depósito. Havia mais de cem caixões de tudo quanto é tipo. Ele sugeriu um. ------ - Quanto custa?
    - 1200 reais...
    - Meu amigo, esta porra vai para baixo da terra. Eu quero ver é o barato!
    Ele pigarreou, fez uma cara de 'eu já sabia' e...
    - Temos estes modelos de 500 e estes de 300...
    - Tem de 100?
    - Não. Os mais em conta são os de..300...
    - Então me mostre os de 300.
    E lá vai o sujeito desarrumar uma fila de caixões. Como me mostrasse indeciso, ele.
    - Veja este que tem janelinha...
    - Bonitinho, e cadê a janelinha?
    Lá vai o suplicante buscar a janelinha. Nela, uma cruz com um Jesus com cara de corno. Eu...
    - Quero lá esta porra! Eu num acredito nesse corno não, meu caro. Quero um sem cruz e sem janela, com porra nenhuma de igreja. Eu cago e ando para Deus e para Jesus!
    Aí o sujeito quase cai. Disse. ..
    - Moço, o senhor é doido! O senhor não bate certo não...
    - Meu amigo, você tem um caixão lisinho, sem putaria nenhuma?
    - Tenho não, moço! Aí tem de mandar fazer!
    - Pois mande que eu compro a bosta. É só chegar, você me telefona e eu venho buscar!
    O sujeito, coitado, não sabia o que fazer. Estava nervoso, sem jeito, acho que pensando que eu estava brincando.
    - Moço, num vou mandar fazer nada não. Vá em outra loja.
    - Quer dizer que você prefere perder os 300 contos?
    - Prefiro!
    - Então tá certo. Obrigado!
    E fui saindo. Ele me grita:
    - Moço, mande fazer um exame em sua cabeça!
    - Não adianta não, meu caro. Meu câncer é perto dos ovos, a cabeça da pica não pensa.
    Ele de boca aberta, ficou calado; eu, de razão completamente satisfeita, fui lendo as manchetes até chegar em casa."

    newman, brode eterno, eras fodido mesmo :)


    Carlos

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  2. Um domingo punk de pijama... Alma e eu de pijama e new age, dámos-lhe os-muitos-parabéns pela Quinta. Beij*

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  3. nada como um domingo bem passado no Rotterdam Film Festival para sair dessa coisa, pegajosa

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  4. [só tenho um nome possível para um lugar assim: serviço de urgência! com uma noitadas especiais de Bourbonese Qualk, Cabaret V., Front 242, Sprung Aus... aqueles que o Blitz deu ao mundo, quando o mundo ainda era mundo!]

    um imenso e urgente abraço

    Leonardo B.

    |... ah, um pouquinho de Virgin Prunes, e por aí a fora; 'tou velho eu sei, mas cada um é para o que nasce!]

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  5. Anónimo1/2/10 01:27

    Olá Valter:

    No "Tendinha dos Clérigos" por vezes passa esse som. Ou passava. Agora a noite portuense confunde-se com uma feira popular, entre os dark cabarets (com os seus túneis de terror e decibeis) e as suas pistas de carrinhos de choque, espalhados um pouco por toda a área, exalando um cheiro imodesto e primitivo.

    Estou totalmente solidário com as tuas "escolhas de domingo", com as tuas ausências incorrigíveis, com a tua nostalgia de vanguarda elegante, coisa que, de resto, já quase não se vê por cá.

    Um abraço

    José Eduardo Cisne

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  6. engraçado como no meu mundo, nunca uma ideia, nome, lugar vem apenas uma vez: ainda no sábado estive no mercedes:)

    depois....domingo de manhã, bem desejei ter um desses domingos que descreves (há anos que não tenho...)mas não posso. o dever chama-me constantemente.

    Boa semana:)

    beijinho
    cláudia

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  7. isso não é domingo de decadentes. é domingo alternativo. é como eu gosto. menos a parte da noite, que não costumo sair e, se saisse, não ouviria esses sons (diferença de gostos musicais, é só).
    os domingos são teus, faz o que quiseres, mas tu sai e ouve o que gostas, sim?

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  8. valter, sonic youth a caminho dos coliseus...estarás por lá?

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