a velocidade de upload que a internet do hotel permite é deprimente. por causa disso, não posso imediatamente colocar no youtube a gravação que fiz do lêdo ivo a ler «o barulho do mar». numa mesa com charles simic, lêdo ivo ganha a audiência com a leitura de um intenso poema, um monumental poema que traz o brasil todo dentro, uma dolência e um respeito que nos deslumbrou a todos. fico contente de ter registado com o telemóvel o momento. ainda que a imagem não seja grande coisa, a voz está lá. a solenidade da voz. esse respeito que ele impôs e que se ficou a sentir. muito bom mesmo.
com o calor contínuo, o festival deste ano está a solicitar aos poetas hidratações estratégicas. esta tarde, a regressar a pé do lugar onde almoçamos todos os dias, o mundo daqui parecia uma caldeira e as coisas húmidas podiam fumegar. parece que se pode morrer com tal calor. dá medo. as pessoas dizem que no verão é pior. ainda bem que, na segunda-feira próxima, quando regresso às caxinas, ainda não verão. ou talvez já não pudesse regressar
e o desejo pela morte vai sendo adiado. imagino que nao deva ser facil chegar a casa, vazia e ausente. como um luto pelo que nunca se teve.
ResponderEliminarmas entre o peso húmido e querer finalmente definhar, ainda vão muitos passeios pela frente. pela oferta de generosas mensagens. aguardarei a morte sem pressa, e entretanto, boas passagens. e que o peso humido se galvanize em leve brisa, do vento.