31.12.04

bom ano novo

obrigado a quantos brilharam em meu redor. polirei minhas vestes, farei tudo para brilhar por vocês também

29.12.04

prece pelas vítimas dos nossos dias

que deus se veja no cimo dos montes,
sobre cada esperança de os alcançar

que deus se cumpra no alívio dos fardos
e vos tire do coração o peso do mar

26.12.04

isabel coelho dos santos

amanhã, no bar da praia do ourigo, lançamento do livro «o tempo mais puro» da isabel coelho dos santos. edição da cosmorama, às dezoito e trinta.

se a anamar cantasse com o adolfo luxúria canibal seria perfeito de mais, pergunto.

«o camelo que chora», de byambasuren davaa, excelente para coisas do natal. adorei

21.12.04

nove livros de poesia

«a alegria do mal», josé emílio-nelson, quasi edições

Domingo no bairro

Passeia perto de casa o cão.
Encontro-o há anos no parque.
Num canteiro
Talvez culpa das rosas
O ar é todo urina.

a poesia de josé emílio-nelson é visceral, feita do escatológico e do repúdio por quanto possa convencionar-se. interessa-me a fúria da necessidade que sente em destruir, assumidamente, a segurançazinha das donzelas recatadas.

«ardem as perdas», antonio gamoneda, tradução de jorge melícias, quasi edições
Havia flores queimadas, cotim
sobre a máquina que chora.
Azeite e pranto no aço e
hélices e números sangrentos
na pureza da ira.

gamoneda é o poeta das contenções, primordial e austero como um profeta severo. maravilhoso.

«fibrilações», ana hatherly, quimera
Meu coração e eu
vivemos juntos
mas não lado a lado
e nunca nos vemos
O sangue é um acordo vivo
que nos ata

sabedorias de uma das grandes senhoras da poesia experimental portuguesa. pequenos textos com a intensidade dos haikai. um livro lindo de quem já teve muito da poesia e agora só aceita o melhor.

«incubus», jorge melícias, quasi edçiões

Consideremos o crime:
o modo como a navalha dele extrai
a própria mutação.
Porque todo o objecto aspira
a exceder a sua exactidão. A devir.

neste livro jorge melícias parte para o princípio das coisas através do crime. o crime como elemento motor, ponto de arranque para a humanidade das leis, que é como quem diz, no universo de melícias, para a máquina meticulosa que rege todas as acções, toda a percepção e tudo quanto lhe escapa – que é tudo quanto nos escapa.

«não me morras», eduarda chiote

Hoje possuí-te o corpo
que te havia
abandonado. Estavas branco,
acabado de morrer
cegamente.
Só a mim cabia o cobrir-te a nudez
com a toalha de banho
ou o abandonar-te
no quarto do hotel,
chamando o porteiro de
urgência.
Ainda há pouco,
tomado de contracções, o teu pénis enrijecera,
e, para meu espanto,
ejaculara sozinho
e atónito.
(…)

poderosa a poesia de eduarda chiote. desabrida e sensível, como se a emoção e o sentimento fossem bichos para serem mostrados com inteligência. uma poesia de sabor a experiência. uma lição de vidas, duras e ávidas de uma beleza qualquer.

«nenhum nome depois», maria do rosário pedreira, gótica

Nunca soube o teu nome. Entraste numa tarde,
por engano, a perguntar se eu era outra pessoa –
um sol que de repente acrescentava cal aos muros,
um incêndio capaz de devorar o coração do mundo.
(…)

a poesia de maria do rosário pedreira é perfume delicado entre toda quanto se faz e fez. a sua voz é feminina e sofrida, mas nem por isso trémula. é uma voz decidida, como se de alguém decidido, sem concessões, a amar além dos limites, vida e morte incluídas. neste livro, por todos os lados, a poeta dá nome às pessoas que tem, que perdeu ou nunca teve.

«poesia escolhida», eduardo pitta, círculo de leitores

A vida é uma ferida?
O coração lateja?
O sangue é uma parede cega?
E se tudo, de repente?


eduardo pitta é um poeta de produção rara. a selecção de alguns dos seus poemas neste livro tem de ser celebrada pela oportunidade de os reler, mas também por se acompanharem de um pequeno conjunto de inéditos. pitta é poeta de coisas decisivas, como fatalidades ou espontâneas e ancestrais sabedorias. escolhi um poema que joga com a hipótese, nem sempre frequente na sua obra, ainda assim belíssimo.

«satanás diz», sharon olds, tradução de margarida vale de gato, antígona

Desejei ser a primeira a fazer pontaria com a faca,
desejei usar os meus braços extraordinariamente robustos e certeiros
e a minha postura erecta e os músculos ágeis e eléctricos
para alcançar algo no centro da multidão,
o fio da navalha perfurando profundamente o casco,
o punho vibrando lento e pesado como o caralho.
Desejei uma função épica para o meu excelente corpo,
um qualquer heroísmo, uma qualquer proeza americana
para além do ordinário para a minha pessoa extraordinária,
magnética e tênsil, junto ao campo de terra batidavi os rapazes jogarem.
(…)

graças a deus pela margarida vale de gato que, em boa hora, decidiu traduzir sharon olds. este livro apresenta a autora ao público português, e fá-lo pelo melhor. é um livro premiado, mas espantosamente – como tudo o que olds escreve – sem concessões. as «histórias» destes poemas são de deixar cabelo em pé. coisa de mulher com tomates.

«o tempo mais puro», isabel coelho dos santos, cosmorama

junto às mãos todos os rios, é imparável
a força das correntes, a manhã
infiltrando-se pura nos abismos
dizer-te: é desta matériao tempo mais puro
um livro de estreia onde as leituras mais densas já se notam. de idade espantosamente jovem, isabel coelho dos santos é uma poeta inteligente e criativa, capaz de criar as imagens mais subtis e emotivas a partir de uma metaforização esplendorosa

nove cds nacionais ou de países lusófonos

«adriana partimpim», adriana calcanhotto
canções para miúdos grandes. uma versão muito bem conseguida de um tema de amália. a adriana, sensível e bonita, sempre me afectou pela doce melodia de sua voz sobre o dedilhado das guitarras. como uma voz transparente e prestes a emudecer no vento. linda de mais, na verdade.

«bailarina», mécanosphère
esquizofrenia internacional. coisas de todo o lado do mundo em estertor sonoro contínuo. segundo longa duração de um colectivo mutante que prima pela desconstrução. urbanidade em todo o seu esplendor.

«a foreign sound», caetano veloso
o passarinho delicado, em inglês entre canções melhores e piores, mas sempre o passarinho de canto perfeito, timbrado a partir das nuvens como os anjos. surpreendente a versão de ‘body and soul’, que não é melhor do que a de billie holiday (a deusa insuperável), mas que é genial à mesma.

«indigo», bernardo sassetti
o melhor de sempre de sassetti. melodia e improviso. uma edição em versão dupla e especial, com aproximações à canção e à desbastação da experimentação. lindo.

«nús», mão morta
vinte anos depois os mão morta parecem sempre frescos de nascer. com a maturidade e a vontade de se manterem irredutíveis no rock duro sem suavizar. «nús» é mais um grande disco, com a marca fundamental de luxúria canibal e a aura emprestada de ginsberg.

«psappha, rebonds a & b okho pour trois djembés», pedro carneiro interpreta iannis xenakis
percussão por si só. pedro carneiro, português, um dos raros percussionistas com honras de gravar e apresentar-se publicamente a solo. um trabalho de luminosa contenção e sensibilidade.

«spaces & places», submarine
electrónica famalicense. gosto particularmente do luís ribeiro, na programação, que este ano fez também uma banda sonora maravilhosa para a peça de teatro dança ‘red shoes’ criada e encenada por paulo brandão. os submarine estão no pop electrónico com referências a sofa surfers ou red snapper. momentos muito bons por todo o cd.

«tralha», maria joão e mário laginha
quase não considerei este disco na minha lista. mas não consigo ignorar a voz da maria joão que, e isto é absoluto, é uma diva única nos espectáculos ao vivo. este cd é um bocado mau, se comparado com o que a dupla já fez, era urgente que deixassem de querer ser músicos pop e se voltassem de novo ao jazz – onde está a maria joão dos tempos da aki takase, essa é que era dura e genial.

«zen», zen
rock portuga com dentes de leão. sempre gostei dos zen, e este disco nem é o melhor caminho para se conhecer a banda, mas não deixa de ser do melhor rock que temos. imprescindível ao vivo, coisa de não perder.

nove cds internacionais

«born heller», born heller
josephine foster de volta comjason ajemian para a delicadeza e antiguidade de sempre. canções folk de sabor a tradição e oralidade. coisas de cantar no tanque ou de embalar crianças. lindo.

«a book of songs for anne marie», baby dee
delicado e magistral na sua solitude. um objecto raro, de edição limitada a cento e cinquenta exemplares. talvez o melhor trabalho desta deusa urbana do desalento. uma deusa para se amar.

«chiaroscuro», arve henriksen
se de tudo o que aconteceu em dois mil e quatro tivesse de salvar apenas uma coisa com a qual fugir para uma ilha deserta… por causa do disco inteiro, mas a primeira faixa explica suficientemente e bastaria.

«la maison de mon rêve», cocorosie
as meninas dos brinquedos de música, com vozes de soprano e alcoólica. música para partir corações e colar. bricolage perfeita. amorosa e assumida.

«nino rojo», devendra banhart
segundo cd de devendra banhart do ano. nem por isso pior do que o primeiro. as canções sempre melodicamente ágeis e as letras profundamente perspicazes e inteligentes.

«rejoicing in the hands», devendra banhart
o primeiro dos dois. depois de editar as demotapes que gravou durante anos sem grandes condições, devendra abre dois mil e quatro com o poderoso retorno à canção, ao tom hippie e festivo do poder das flores. todo ele é génio e música.

«seven swans», sufjan stevens
delicado e sensível. um disco para se ouvir sozinho, com a vontade intensa de se estar acompanhado.

«you thrill me», patty waters
o melhor disco de todo o sempre, na minha modéstia opinião, chama-se «college tour», foi gravado em mil novecentos e sessenta e seis e é de patty waters, a diva do jazz livre como os passarinhos. talvez por ter gravado tamanha pérola, patty esteve anos a fio afastada das lides da música, só voltando a gravar em noventa e seis, deixando uma discografia completa de apenas três títulos. este ano, com a graça de deus e de todos os santos, uns senhores decidiram vasculhar coisas antigas e reunir peças alternativas e trechos curiosos que nunca vieram a público. o resultado é este disco que, como tudo da diva, é imprescindível para a felicidade de um melómano moderno.

«fabulous muscles», xiu xiu
tudo neste disco agora. a raiva e a melodia, a paixão, o amor e o sexo (explícito). jamie stewart a compor melhor do que nunca. os músculos fabulosos inspiraram o melhor cd deste grupo de vanguarda, um dos mais excitantes da cena actual

nove exposições

«i shall paint my nails red», pintura de lisa santos silva na galeria cento e onze
o rosto de lisa santos silva é inesquecível. o mais inesquecível de todos. nem vos digo mais nada. urge que a descubram os que ainda não o fizeram.

«marquise», trabalhos de joana vasconcelos na galeria cento e onze
uma artista desconcertante que procura na arte uma forma de reposicionar a mulher – e logo toda a família – nos seus afazeres domésticos, no seu espaço doméstico; como se procurasse salvar a mulher de uma rotina, enfim, perigosa.

«sleeping beauty», pintura de graça martins, galeria são mamede
os trabalhos planos de graça martins são delicados e ousados. os rostos das suas personagens têm algo de perverso, como por vezes só a beleza intensa consegue ser perversa, por apelar ao nosso desejo.

«…da casa do cão que tinha um marinheiro», pintura de valdemar santos, galeria fernando santos
espantosa a visão escura e vazia das casas e dos exteriores na pintura de valdemar santos. uma vibrante criação de espaço, como se a tela fosse um lugar desocupado onde algo se espere ver surgir.

«o tempo das suaves raparigas», pintura de luísa correia pereira, galeria fernando santos
a riqueza cromática dos trabalhos de luísa correia pereira não esconde, ainda assim, o drama das suas figuras. há meninas com os pés a sangrar e espaços garridos ilhados por cores outras, organizadas segundo formas estranhas. a pintura desta artista é metáfora da cor sobre a cor, para regressarmos à abstracção de nos considerarmos indivíduos pela presença, sem mais nada. como se aprende matemática pela quantidade de pauzinhos, que podem ser maçãs ou pêras; nesta pintura podemos ser nós uns círculos, ou uns rectângulos, ou o que seja.

«museu dinâmico de metamorfoses», escultura de isabel meyrelles, fundação cupertino de miranda
a única artista portuguesa rigorosamente assumida e reconhecida como surrealista. as suas esculturas, com participações importantes de artur do cruzeiro seixas ou mário cesariny, são desconcertantes e procuram, as mais das vezes, trazer às três dimensões imagens do surrealismo universal, passando por interpretações de textos de bretón e dos artistas já citados.

«hopeweapons», desenho de emílio remelhe, galeria serpente
a delicadeza do desenho, a fragilidade da arte como arma de esperança contra tudo quanto nos possa desumanizar. lindíssimos trabalhos do emílio, feitos de simplicidade e imaginação.

«s/título (pintura)», pintura de antónio gonçalves, museu de amadeo de souza cardoso
a cor sobre a cor sobre a cor para, satisfeita a tela, fazer uma cor além do imediato, além do esperado ou visto. o trabalho de antónio gonçalves é comparável ao do boticário na confecção dos perfumes, cada pitada de um novo elemento fará uma solução nova e rara. se a fórmula se perde, o resultado será irrepetível, como é cada um dos seus quadros.

nove concertos

mão morta, auditório do parque de exposições de braga, vinte e nove de abril
apresentação da digressão de promoção do cd ‘nus’. a prova cabal de que se trata, ainda, da melhor banda rock portuguesa de sempre. a única que, a nível mundial, compete com o que de mais relevante acontece.

baby dee, teatro ibérico, lisboa, dez e onze de setembro
duas noites inesquecíveis, com esta senhora a criar, sozinha ao piano, a intensidade dos melhores bergmans, como se o bergman fosse só som; loucura e som. uma alma estranhamente cândida e perversa. jean genet na sua plenitude. o esplendor de se ser tudo ao mesmo tempo.

current 93, teatro ibérico, lisboa, dez e onze de setembro
os místicos current, cada vez menos místicos e mais melódicos, em duas noites de baladas e tristeza, à procura de um lugar para um gótico folclórico antigo e particularmente sensível. muito literário, o ambiente, muito texto, muita coisa para dizer. muito bom.

sufjan stevens, teatro antónio lamoso, santa maria da feira, um de outubro
afinado, suave, perfeito. o elogio da melodia e da voz. um canário. canta melhor do que nos discos, o que é raro acontecer nos dias que correm.

devendra banhart, teatro antónio lamoso, santa maria da feira, dois de outubro
tenho a firme convicção de que devendra é um génio moderno. um génio da música do nosso tempo. imaginei mil coisas sobre como seria um concerto seu, nenhuma correspondeu à maravilha que fez em santa maria. os génios terão de ser mesmo assim, além do que pensámos deles, além do que julgamos saber.

von magnet, teatro miguel franco, leiria, dezasseis de outubro
flamenco visceral e negro. um flamenco electrónico mas inteligentemente pontuado com a tradição. p. von inesquecível, a dançar como os cavalos correm.

xiu xiu, auditório velho do orfeão de leiria, leiria, trinta e um de outubro
apaixonado e impaciente, jamie stewart é um dos meus músicos mais adorados. em palco é tudo o que o caracteriza sem limites, temperamental, histérico, angustiado, só, profundamente triste.

antony and the johnsons + cocorosie, teatro passos manuel, porto, oito e nove de novembro
o antony é um dos melhores compositores do novo blues (para mim aquilo são blues), e indubitavelmente a voz mais urgente do mundo. obsessivamente adorável. perfeito. as cocorosie são como cozinheiras em palco. cheias de parafernália sonora comprada nas melhores lojas dos trezentos. além do repertório belíssimo, são divertidas e surpreendentes em palco.

lhasa de sela, casa das artes, vila nova de famalicãoa rouquidão e o tango, o choro, a sapiência das histórias. maravilhosa esta senhora, como um clássico vivo e por consumar

20.12.04

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U m d i a

Um dia partirei muito cansada
Com as lembranças cingidas ao meu peito
E uma voz de saudade e de nortada.

(Levarei voz para gemer de espanto.
Levarei mãos para dizer adeus...
Olhos de espelho, e não olhos de pranto,
Eu levarei. Os olhos, serão meus?)

Um dia partirei, talvez manhã.
Uma canção de amor virá das dunas.
De finas pernas, seguirei a margem
Límpida, boa, enorme, no ribeiro
De água discreta a reflectir miragem,
Braços de ramos, gestos de salgueiro.

Um dia partirei, muito diferente.
Enfim, aquela que jamais eu fora!
E os de Cá hão-de achar que vou contente.

N a t é r c i a F r e i r e
(de Rio Infindável, 1947; in Antologia Poética, Assírio & Alvim)

19.12.04

joaquim castro caldas

gosto dos textos do joaquim castro caldas, um dos mais intensos animadores verbais das nossas noites. conheci-o há muitos anos no pinguim café, quando todas as quintas-feiras a malta com sede de vanguarda aparecia a ver o que se escrevia por ali. nas quasi edições motivei a publicação de dois livros dele, 'convém avisar os ingleses' e 'só cá vim ver o sol'. ontem, o joão rios trouxe-me 'colheita da época', editado com efeitos comemorativos pelo aniversário da papel e ca., onde o joaquim se coloca como anfitrião, escrevendo metade do livro, convidando para o resto das páginas alguns amigos, como o isaque ferreira, o joão rios, e eu próprio.
o livro está lindo. teve uma edição limitada de trezentos exemplares e esgotou no dia de lançamento. para quem não lhe acedeu, escolhi um pequeno poema:

azulejo

só depois de te beijar
uma criança te pede um beijo
para distinguir a inocência do desejo

joaquim castro caldas

17.12.04

natércia freire

a escritora natércia freire faleceu.
o respeito e consideração que tenho por ela e pela sua obra, e a amizade que tenho pelo seu neto, o poeta pedro sena-lino, um dos homens mais educados que conheço, trazem a este dia uma perda grande para a literatura e para o coração

manoel de oliveira

há alguns anos atrás, antes de servir a tempo inteiro os intentos das quasi edições, trabalhei no centro de estudos regianos (associação criada para promoção da obra de josé régio, em vila do conde). aí, tive o privilégio de participar na organização das comemorações oficiais do centenário do nascimento do autor, acontecido em dois mil e um. entre peripécias e eventos, um dos maiores gostos que tive foi o de contactar com gente que admiro desde sempre, como agustina bessa-luís e manoel de oliveira, pois ambos foram amigos pessoais de régio.
hoje, num milésimo de segundo em que à minha cabeça acorreu o nome do realizador, peguei no telefone e liguei-lhe. disse-lhe que não se lembraria de mim, que eu era, entre tantos e tão importantes, apenas um rapaz jovem que o foi buscar umas vezes a casa, com os olhos a brilhar, sem pé para lhe explicar o quanto gostava dele. e sim, que hoje, se ele não achasse loucura, gostaria de lhe pedir que me autografasse os dvds que tenho e me deixasse dar-lhe, enfim, o abraço que há muito criei para ele.
estive em sua casa numa conversa animada por hora e meia. saí feliz da vida. agora que chegou às salas 'o quinto império', inspirado exactamente num texto de josé régio. agora que, na verdade, sem o régio à mistura, só estava em causa o quanto o admiro e lhe agradeço a arte

15.12.04

coimbra, viana, difusamente

ontem desvinculei-me definitivamente das quasi edições. boa a sorte a quem fica, na continuação de um trabalho de sonho.
à noite estive em coimbra. obrigado aos amigos. às palavras mágicas, porque, por vezes, parece que só as palavras nos trazem magia.
hoje fui a viana, à escola profissional de música, onde a minha colega paula ribas me recebeu e apresentou a um conjunto de pessoas muito simpáticas. adorei a sessão, as composições e interpretações dos alunos. espero vê-los, dentro de alguns anos, em grandes auditórios cheios de gente à escuta da música mais perfeita. falei da lhasa de sela, espero tê-los convencido a procurarem os cds dela. falei do herberto - paula, está nas tuas mãos.
obrigado alexandre, por teres posto este blogue tão bem inserido no que já era a minha página.
obrigado mário difuso. corei e não sei que te diga

14.12.04

hoje...

hoje, às 21 horas, no bar a capella, em coimbra, perto da faculdade de psicologia, o professor pedro calheiros apresenta "o nosso reino", o meu romance. estão convidados a aparecer. se me disserem a palavra mágica "contemporizar" recebem grátis uma antologia de poesia organizada por mim

13.12.04

começar de novo

lembro-me de os madredeus cantarem 'começar de novo' no coliseu do porto. agora revivo esse momento mágico e quase entoo a canção para celebrar um novo blogue.
apago o blogue que escrevi em dois mil e três e dois mil e quatro. quero dizer só coisas novas, enfim, voltar ao início e dizer outra vez como se fosse novo. bem-vindos a esta casa, e obrigado pela atenção de sempre

casa de osso

porque de ossos se faz a verticalidade humana. sem eles não teríamos casa por onde espreitar as alturas, como os pássaros nos ninhos e a alma das raparigas mais belas, pairante, sempre pairante sobre a nossa sede de felicidade