21.12.04

nove cds nacionais ou de países lusófonos

«adriana partimpim», adriana calcanhotto
canções para miúdos grandes. uma versão muito bem conseguida de um tema de amália. a adriana, sensível e bonita, sempre me afectou pela doce melodia de sua voz sobre o dedilhado das guitarras. como uma voz transparente e prestes a emudecer no vento. linda de mais, na verdade.

«bailarina», mécanosphère
esquizofrenia internacional. coisas de todo o lado do mundo em estertor sonoro contínuo. segundo longa duração de um colectivo mutante que prima pela desconstrução. urbanidade em todo o seu esplendor.

«a foreign sound», caetano veloso
o passarinho delicado, em inglês entre canções melhores e piores, mas sempre o passarinho de canto perfeito, timbrado a partir das nuvens como os anjos. surpreendente a versão de ‘body and soul’, que não é melhor do que a de billie holiday (a deusa insuperável), mas que é genial à mesma.

«indigo», bernardo sassetti
o melhor de sempre de sassetti. melodia e improviso. uma edição em versão dupla e especial, com aproximações à canção e à desbastação da experimentação. lindo.

«nús», mão morta
vinte anos depois os mão morta parecem sempre frescos de nascer. com a maturidade e a vontade de se manterem irredutíveis no rock duro sem suavizar. «nús» é mais um grande disco, com a marca fundamental de luxúria canibal e a aura emprestada de ginsberg.

«psappha, rebonds a & b okho pour trois djembés», pedro carneiro interpreta iannis xenakis
percussão por si só. pedro carneiro, português, um dos raros percussionistas com honras de gravar e apresentar-se publicamente a solo. um trabalho de luminosa contenção e sensibilidade.

«spaces & places», submarine
electrónica famalicense. gosto particularmente do luís ribeiro, na programação, que este ano fez também uma banda sonora maravilhosa para a peça de teatro dança ‘red shoes’ criada e encenada por paulo brandão. os submarine estão no pop electrónico com referências a sofa surfers ou red snapper. momentos muito bons por todo o cd.

«tralha», maria joão e mário laginha
quase não considerei este disco na minha lista. mas não consigo ignorar a voz da maria joão que, e isto é absoluto, é uma diva única nos espectáculos ao vivo. este cd é um bocado mau, se comparado com o que a dupla já fez, era urgente que deixassem de querer ser músicos pop e se voltassem de novo ao jazz – onde está a maria joão dos tempos da aki takase, essa é que era dura e genial.

«zen», zen
rock portuga com dentes de leão. sempre gostei dos zen, e este disco nem é o melhor caminho para se conhecer a banda, mas não deixa de ser do melhor rock que temos. imprescindível ao vivo, coisa de não perder.

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