30.12.05
bom ano
perdoem-me por demorar tanto a agradecer as vossas mensagens. entre gripes e natais, vou perdendo e ganhando tempo.
aceitem um abraço e o desejo de um excelente novo ano.
já agora, sentem-se ao meu lado nesta bela fotografia que a graça martins me tirou. conversemos pela alegria fora
13.12.05
primeiro aniversário
ilustração de alain corbel
sou muito distraído com as datas, mas um amigo reparou que o casa de osso faz hoje um ano. fico um pouco impressionado. embora com ausências - porque um blogue não é a minha vida - mantive-me por perto o suficiente para auferir de boas energias de tanta gente que por aqui passa os olhos. na verdade, este bom tempo é mais devido a quem me visita do que a mim, que me limito a envaidecer o ego pela amizade que entre nós cresce. por isso, muito obrigado a todos
12.12.05
mário cláudio na universidade católica
esta noite, a partir das 21 e 30h, apresento e modero uma conversa com o escritor mário cláudio no pólo da universidade católica do porto. não sei se a entrada é livre, mas deve ser para quem tiver cara de muito querer entrar
24.11.05
?
23.11.05
poema da vontade de voltar para casa
o indivíduo chegou-se discretamente e manifestou quase nada a sua inquietação. depois, quando todos demos por ele, começou a falar, devagar primeiro, de seguida mais depressa. depois, quando nos começámos a cansar, gritou, de seguida espumava pela boca quando nos queríamos afastar. depois, quando nos apavorámos e tentámos fugir, desatou à machadada e arrancou-nos os braços, as pernas, a voz, o caminho para casa. guardou tudo numa caixa e o que restou de nós não permite que nos recenheçam. certamente a senhora da limpeza mal nos verá. vai varrer-nos entre as coriscas e aviar-nos para o lixo para sempre
13.11.05
poema do bichinho surpreendente
havia um bichinho muito pequenino que ficava sempre muuuuuuuito quieto no seu canto. os outros, maiores e ferozes, achavam que ele dificilmente se revoltaria. mas um dia, farto de ser incompreendido, o bichinho abriu a boca o mais que pôde e, para espanto de todos, tinha uns dentes de ferro afiados que, à mínima dentada, laminavam o adversário. ui, aquilo foi uma chacina. mas nem por isso o bichinho se sentiu melhor
10.11.05
laranjeira no auditório amanhã
amanhã, a partir das 21 e 20h, o francisco laranjeira abre uma nova exposição no auditório municipal de vila do conde. haverá festa animada com leituras do isaque ferreira e da nana menezes, música do futuro com a anadeus, o quico serrano e o paulo praça, seguindo-se um magusto de convivio extravagante no encanasbar.
sobre a exposição - que afinal é o que importa - poderá ser a melhor do laranjeira que se afirma, sem dúvida, como um dos mais interessantes pintores da nova vaga no nosso país. coisa vivas e cromáticamente deglutivas, coisas que nos adentram, a não perder de modo algum. vejo-vos lá
27.10.05
mar das caxinas
8.10.05
2.10.05
paulo damião
«amnft-w», de paulo damião
o excelente pintor paulo damião está de novo patente na galeria arte periférica, no ccb. uma visita que se impõe. não percam
29.9.05
quem me viu
quem me viu no arco da luz, naquele imenso colorido que o céu desenha, julgou-me o ouro ascendendo enfim leve. mas o arco não me sustentou, foi o tão grande amor que me fez, de verdade, pairar, e a chuva secou
25.9.05
parabéns
«free search», de luís melo
faço trinta e quatro anos agora. sim, agora, pouco depois das sete da manhã deste dia vinte e cinco de setembro. estou um homem grande
22.9.05
diamanda galás
ia jurar que, semicerrando os olhos, se podia ver fumo negro saindo da sua boca. um fumo rápido, atarefado com dispersar-se por toda a sala. parecia que nos imergia nos seus misteriosos ofícios. com o tempo, tudo pode acontecer a quem lá esteve
12.9.05
setembro
nunca fui feliz em setembro. há qualquer coisa no fim do verão que me faz mal. o sol que se atenua, a humidade roendo os ossos, o envelhecimento. no fim deste mês faço anos. sempre fiz anos como quem realmente envelhece. as festas, poucas, serviram apenas para sonhar com ser outra pessoa. no ano passado devo ter sido feliz, não à medida da festa que dei, mas à medida de uma excepção. setembro de 2004 não me trouxe uma má surpresa como o de 2003. sim, por justiça penso agora que em setembro de 2004 eu fui feliz e que naquela festa de anos talvez tivesse tudo, sem saber.
para não divagar, prendo-me a isto: «lookaftering» da vashti bunyan, «cripple crow» do devendra banhart, «noah's ark» (com o antony na melhor música) das cocorosie, «floor show» dos baxter dury, «kosi comes around» do dj koze, «takk» dos sigur ros e «lucky dog recordings» do stuart - tindersticks - staples.
poucos posts, muito trabalho, obrigado pelas palavras amigas. desculpem a pouca atenção. setembro não ajuda
6.9.05
1.8.05
às três da manhã
sei que esta noite, dentro de poucos minutos, exactamente às três da manhã, algo vai acontecer. e se for explicável, pergunto, e se for passível de uma explicação. seria perfeito
27.7.05
trip na arcada
«purissima», de francisco rodriguez maruca
gostava de vos aconselhar vivamente uma visita aos domínios de puríssima subversão criados pelo meu amigo antónio pedro ribeiro. preocupado com fazer do quotidiano outra coisa, mandando vir a miúde contra tudo e contra todos, o blogue dele é uma viagem a doer, cheia de momentos de contemplação únicos. chama-se trip na arcada. curtam-no
22.7.05
tenho uma t-shirt com um verso do ruy belo
«the evolution of superstition», do todd schorr
adorava ser vegetariano. tenho pena de todos os animais (excepto dos gatos e dos escorpiões), gostava de imaginá-los livres como se pudessem evoluir rapidamente e adquirir postura vertical no pouco tempo da minha vida. seria bonito habitar um mundo onde os gnus discutissem na faculdade de letras, com os caranguejos e meia dúzia de humanos, a métrica dos belos versos do ruy belo
19.7.05
as vozes que mais amo podem dividir-se assim
«insomniac», de maya kulenovic
vozes para o coro de deus
amália rodrigues
antony
caetano veloso
chan marshall
chet baker
elizabeth frazer
ella fitzgerald
joão gilberto
johnny hartman
kathleen ferrier
lioudmila khandi
lisa gerrard
nico
nina simone
tony bennett
vashti bunyan
«horse», de slowinski
vozes para o coro de lúcifer
adolfo luxúria canibal
aurora vargas
baby dee
billie holiday
b’heirth
black francis
david bowie
diamanda galas
iggy pop
leonnard cohen
louis armstrong
maria callas
médèric collignon
patty waters
peter murphy
thom yorke
18.7.05
covilhã
na covilhã esteve-se bem, com a agustina bessa-luís e o mário cláudio, o mário de carvalho e o jaime rocha, a hélia correia e o armando silva carvalho, e a teolinda gersão e o pedro mexia, e a dulce maria cardoso e o albano martins, mais o josé alberto marques e o levi condinho, também o manuel portela e o ondjaki e o rui vieira e o rui herbon e a teresa sá couto, e até eu, mais o arnaldo saraiva e a vera vouga e ainda a catherine dumas e o manuel da silva ramos, que organizou tudo. claro que esteve também o nuno júdice, o baptista bastos e o jorge listopad, mais a maria velho da costa e o luís carlos patraquim, e o manuel afonso costa e o urbano tavares rodrigues. para vos dizer que foi de tirar o fôlego. muito muito bom ter lá estado
12.7.05
11.7.05
.
«isabella», fotografia de loretta lux
há um coração no meu peito que te esqueceste de levar. ou virás de novo. devia perguntar-te se fico à espera
8.7.05
arte na capa de bons discos - 7
«closer», dos joy division, com arte de peter saville sobre fotografia de bernard pierre wolff
arte na capa de bons discos - 6
«surfer rosa», dos pixies, com arte de vaughan oliver sobre fotografia de simon larbalestier
7.7.05
limpeza de ecrã
o anton kovas, do the healing sound of music, enviou-me esta ligação perfeita. método raro de limpar o ecrã. imperdível. aceito impressões nos comentários. excedam-se, deixem-se levar pelo amor aos bichos e contem coisas
caril de gambas e outros luxos
«her prison 1», fotografia de caryn drexl
«pinocchio dance», fotografia de fredrik ödman
sei bem que nem todas as pessoas do mundo podem ser amigas da ângela patriarca (dinamizadora cultural de festas de aniversário às sete da manhã e bela esposa do magnífico compositor eduardo luís patriarca), mas, se houver acaso de algum de vocês o ser, peçam-lhe de joelhos o convite para um jantar de caril de gambas em sua casa. é de chorar por muito mais. asseguro-vos, façam o que puderem, usem todo o vosso charme e dinheiro, vale mesmo a pena.
se resistirem à beleza da gula e ainda precisarem de mais contemplação, podem visitar as páginas da caryn drexl e do fredrik ödman, que conheci por sugestão certeira do sérgio (de quem falei abaixo a propósito da rascunho e de pedintes). gente doida, estes fotógrafos, e forte. coisa para ser vista à vontade de manhã, com meio metro de distância à tarde, e em pesadelos à noite, com toda a certeza
6.7.05
arte na capa de bons discos - 1
«magic wand», dos little wings, com arte de kyle field, o mentor da banda
4.7.05
rascunho
«balance», de jason d'aquino
já há tempos tinha decidido falar aqui da rascunho, mas passou-me. um comentário no post anterior tornou a coisa para hoje mesmo.
a rascunho é uma página - não blogue - onde um grupo de comentadores vão cobrindo um pouco do quanto culturalmente acontece. o meu amigo sérgio miranda - outrora nas ruas da amargura, urinando pelos caminhos escuros - faz parte do rol de apreciadores e merece vistas, que é como quem diz, leituras feitas assiduamente. destaque para a componente musical onde a malta, que deve ser toda muito jovem, se esmera grandemente.
entretanto, é impossível ser-se vilacondense sem se falar no décimo terceiro festival de curtas metragens a decorrer no nosso lindo auditório, onde ontem à noite já vi o excelente «the wayward cloud» do realizador, de taiwan, tsai ming-liang. imaginem o kama-surta com melancia, já poderão imaginar como é este filme. façam o favor de vir a vila do conde nestes dias. perguntem-me como se cá chega, se não souberem como
novos blogues - publicidade
«bug and bird», de james riches
três novos blogues de três amigos merecem saudação. o início da vida virtual do anton kovas, do tiago anaiço e do fiodor traz à blogosfera três propostas distintas:
o anton é um rapaz das músicas electrónicas, conheço-o desde mil e oitocentos. no the healing sound of music vocês podem encontrar informação com rigor sobre a vanguarda sempre galopante da música. o anton, confesso, foi quem me falou primeiro do akira rabelais - que amo de paixão - e do arve henriksen - que amo de paixão. é rapazinho para trinta anos, está solteiro, e recebe às quartas e às quintas moçoilas simpáticas com problemas de ouvidos. façam o favor de conferir e usufruir.
o tiago é um rapaz das palavras, conheço-o há mito pouco tempo que quase só o conheço no futuro, e interessam-lhe as coisas escritas com alguma surpresa e narratividade. o brlogue abriu e aceita todo o tipo de cliques como palavra passe. o tiago é um rapazinho para vinte e cinco anos, comprometido, de modo que as moçoilas com problemas de escrita ou continuam a investir em mim, ou nada feito.
o fiodor está anónimo. chama ténues fronteiras ao seu blogue e sei que o escreve em trás-os-montes, já quase em espanha. por isso, anda por bragança e fala espanhol muitas vezes. ó, é um rapaz novo e com vigor, à procura de luz nos sovacos das raparigas. muito feliz em ser das terras altas, encontrando poemas no revirar das pedras, como quem os faz brotar da terra. fez o favor de dizer bem de mim, desculpem se parece uma troca de galhardetes, é só um piropo de amizade e o anúncio da expectativa de mais um bom blogue para a festa.
beijinhos às famílias, obrigado pela atenção
beijinhos às famílias, obrigado pela atenção
está muito vento na praia, hoje, mas queria tanto ficar moreno
desenho com recorte de saelee oh
quando criei o meu primeiro blogue fi-lo com a intenção de abrir um espaço de encontro com amigos e desconhecidos que, por empatia com aquilo que pudesse escrever / mostrar, se aproximassem. o meu blogue é apenas um dos elementos dessa máquina maior e tendencialmente infinita que junta com cliques quantos se querem juntar. eu junto-me a muitos, e agradeço a todos os que voltam por mim. o mais que faço é exercer o prazer de mostrar coisas de que gosto. porque do que se gosta, parece-me, fala-se pouco nos media institucionais. é mais fácil - e oferece maior protagonismo - ficar do lado do contra a infernizar a vida das pessoas com aquilo que manifestamente se desaconselha.
por isso hoje já vos posso dizer - com três anos de experiência de blogue - que vale a pena. muita gente que agora faz parte do meu melhor quotidiano chegou por um clique feliz na teia das coincidências. é com muito prazer que a minha casa de osso se mantém, como radar para gente porreira, disponível à escuta.
denise e graça, e tiago e todos mais, muito obrigado, e digam sempre coisas. gosto mesmo de vos ouvir.
lebre, vou ver o photo bucket. deus queira que funcione com o meu pc temperamental.
fui ver o trabalho de saelee oh ao seu site. gostei particularmente deste desenho. os recortes que faz são interessantes, mas em matéria de recortes só o luís mendonça, do porto, para traçar os mais ínfimos cabelos na cabeça das suas muitas personagens.
em bragança vi uma exposição do a. pizarro. fui à discoteca mercado ouvir a mtv em altos berros, e dei um salto a sanabria, a ver como os espanhóis ali são muito brancos e não desconfiam dos portugueses que bebem água passeando de boxers na praia do lago. dormi sem lençóis de calor bruto. tomei café no biblioteca. espreitei um concurso de bandas no espaço recuperado pelo polis. soube que a moda dos rapazes ali é vestirem as meias de ténis por cima das calças de ganga. no shopping novo da cidade comi uma fatia de pizza com molho de iogurte, e achei horrível
1.7.05
poema de josé rui teixeira
A magnólia floriu este inverno
e eu não sei como dizer-te
que me comove ainda que dê flor.
do livro «melopeia», edições cosmorama
e eu não sei como dizer-te
que me comove ainda que dê flor.
do livro «melopeia», edições cosmorama
30.6.05
cosmorama
de matthias herrmann
às 17.30h, hoje, na livraria lello, no porto, apresento os livros «melopeia», do josé rui teixeira, e «o tempo mais puro», da isabel coelho dos santos.
para dizer que sim aos espanhóis, hoje escolhi uma fotografia do matthias herrmann, louco e genial.
infelizmente não consigo usar o hello que me punha fotografias no blogue retiradas directamente dos meus ficheiros. queria publicar uma de um pedinte que se aliviava na rua às oito da manhã, mas não tenho como. descarrego o programa mas, por algum delicado motivo, não opera, raios o partam
27.6.05
cinco canções para apaziguar corações com raiva
carla gonçalves, «atacados pela raiva»
uma.velvet underground «candy says»
duas.pop dell'arte «o amor é um gajo estranho»
três.caetano veloso «samba e amor»
quatro.radiohead «you and whose army»
cinco.sylvia telles «amor em paz»
torre de moncorvo
um calor incrível não impede que os transmontanos subam a compôr telhados. as pessoas passam muito carregadas nas ruas, olham para mim desconfiadas do meu olhar turístico. pensam, talvez, que difícil é alguém lembrar-se de ir por ali, e de onde viria eu. um senhor, tendo-lhe perguntado onde ficava a biblioteca, achou que eu seria inglês. devo ter falado rápido de mais, tinha sede, suava como burro, e nas mãos colavam-se umas amêndoas com açucar com que me deliciei à bruta
25.6.05
.
24.6.05
filipa sufragista
da linda joana rêgo, «in a box (dream)», acrílico sobre tela de linho -100x100cm - 2004
alguma entidade conspira contra nós. não te consigo responder aos emails. qualquer coisa que te envie, é devolvida em minutos, como censura nos dias de hoje. obrigado pela tua delicada simpatia, obrigado pela amizade e, por favor, se me vires passar outra vez, na feira a caminho dos fura dels baus ou em outro lugar, grita ou agarra-me, diz-me qualquer coisa, teria muito gosto. entretanto, e como está calor e não há sol, os turistas vieram a vila do conde passear de carro. está a cidade cheia de gente sem vontade de estacionar. e tu onde vives. és da feira, pergunto. na feira também vi o projecto desenvolvido pelos von magnet, que adoro.
entretanto, olá eduardo pires. seu espertinho, tira a mão daí, que é feio
20.6.05
compilação mágica para convocar o amor
um.arve henriksen – opening image
dois.animal collective + vashti bunyan – prospect hummer
três.antony and the johnsons – hope there’s someone
quatro.isobel campbell – amorino
cinco.xiu xiu – sad pony guerrilla girl
seis.cat power – evolution
sete.devendra banhart – autumn’s child
oito.in gowan ring – two wax dolls
nove.baby dee – when i get home
dez.current 93 – soft black stars
onze.patty waters – hush little baby with ba ha bad
doze.coil – an emergency
treze.this mortal coil (com elizabeth frazer) – song to the siren
quatorze.dead can dance – frontier
quinze.alpha – sometime later
dezasseis.cocorosie + antony – beautiful boyz
dois.animal collective + vashti bunyan – prospect hummer
três.antony and the johnsons – hope there’s someone
quatro.isobel campbell – amorino
cinco.xiu xiu – sad pony guerrilla girl
seis.cat power – evolution
sete.devendra banhart – autumn’s child
oito.in gowan ring – two wax dolls
nove.baby dee – when i get home
dez.current 93 – soft black stars
onze.patty waters – hush little baby with ba ha bad
doze.coil – an emergency
treze.this mortal coil (com elizabeth frazer) – song to the siren
quatorze.dead can dance – frontier
quinze.alpha – sometime later
dezasseis.cocorosie + antony – beautiful boyz
mensagem ao dia feliz
imagina que deus te fez para mim. como se a maravilha que vivo fosse só a consequência da sua vontade. imagina que tudo será perfeito, mesmo que, tão precipitadamente, entendamos ter encontrado o que não existe
18.6.05
graça martins
graça martins, «par délicatesse j'ai perdu ma vie, rimbaud», acrílico s/tela,60x80cm, 2002
graça martins, «pijamas», grafite s/papel, 43,5x61cm, 1991
a graça martins é uma amiga muito querida conhecida pelo seu trabalho plástico assíduo e ligado privilegiadamente ao universo da literatura. são várias as ilustrações que fez para livros, os retratos de escritores que criou, bem como as homenagens que prestou a outros, como rimbaud ou oscar wilde. o seu estilo tem muito de gráfico, mantendo sempre presente uma delicadeza sensível, conseguida por um cromatismo rico, mas também pelo recurso a um traço fino no encalço do desenho ao mesmo tempo terno e belo. as personagens de graça martins parecem, as mais das vezes, contornos de filigrana, e as cores servem sobretudo para os cenários florais sugerindo estética e aromaticamente o prazer de pintar.
mostro-vos a homenagem a rimbaud, que amo, ao rimbaud e à homenagem da graça, onde a artista usa a técnica da colagem e, reparem bem por favor, constrói umas impressionantes folhas, perfeitas como naturezas vivas velando a alma do poeta. mostro-vos um desenho de uma série de meninas vestidas de pijama, onde se revela, com mestria, a destreza do traço da graça martins, resultando numa figuração rara ao alcance de poucos artistas.
a graça tem uma nova página, bom pretexto para vos falar dela aqui e vos propor a visita. e depois procurem os livros que ela ilustrou. uma dica, há por lá coisas da isabel de sá, poeta (e artista plástica) que vos obrigaria a ler se mandasse no mundo
17.6.05
rrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrr
e o menino naquele dia, farto de esperar, disse, quero namorar, quero namorar. mas porque raio não aparece um amor na minha vida, perguntou ao povo atento e curioso, e ficou à espera que alguém se pronunciasse
16.6.05
francisco laranjeira
francisco laranjeira, sem título, 2004, acrílico sobre tela, 97x130cm
francisco laranjeira, sem título, 2004, acrílico sobre tela, 50x35cm
o francisco laranjeira é um artista vilacondense marcado pela riqueza cromática e por uma rara capacidade de encontrar harmonia no caos. as suas telas são sobretudo essa experiência de equilíbrio entre milhares de elementos, como se equilibrasse uma informação tendencialmente infinita, mantendo a sobreposição típica da concorrência dos elementos, mas fazendo, ao mesmo tempo, apelo a um espectro cromático que nos sugere a ordem puramente estética.
mostro-vos aqui duas telas recentes que, ambas sem título, distingo por azul (2004) e vermelha (2005). não são de todo as telas mais características do pintor, porque me parecem mais orgânicas do que as precedentes, recriando ambientes naturais que se distinguem dos emaranhados mais geométricos a que estávamos habituados.
a tela azul, talvez a minha preferida de todo o trabalho do francisco, sugere-me azulejos de parede já sujeitos ao jardim, digo assim porque me parece um painel atacado de musgos, com verdes a intervirem – como se da idade se tratasse – sobre a obra. na tela vermelha a referência a uma certa ideia de paisagem, com pôr-do-sol, é criada através de formas primárias, marcando lugar entre o que poderia ser uma arte europeia de influência africana.
há uma página onde podem – e devem – entrar para aprenderem tudo sobre este artista (não só pintor) que no outono terá nova exposição no auditório municipal desta cidade à beira mar plantada. apontem na vossa agenda e venham ver isto em grande, como grande é
13.6.05
carla gonçalves
«o jardim das delícias», de carla gonçalves
a minha amiga carla gonçalves, que muito admiro enquanto pessoa e pintora, acaba de chegar ao mundo virtual com a inauguração da sua página belíssimamente simples. foi criada - mais uma vez o elogio - pelo mestre rui monteiro, criador da minha própria página.
é uma oportunidade para todos conhecermos melhor o trabalho da carla, feito de cortes e surpreendentes aparições na tela de «gente» nunca vista. gosto do seu imaginário desbastado, criado para a imprecisão. aconselho vivamente a visita e a sondagem para a compra dos seus trabalhos que, neste momento, são ainda acessíveis às bolsas de quantos queiram possuir uma obra de arte que, no futuro, estou certo, se valorizará grandemente
12.6.05
na casa das artes de famalicão, eu e o antony
não se vê muito bem, mas foi o que deu para fazer com o telemóvel já nada terceira geração nem particularmente artístico. isto para vou mostrar a minha carinha de apaixonado e para vos dizer que o antony canta «beautiful boyz» (com z), no novo «noah's ark» das cocorosie, a sair a treze de setembro. o álbum é excepcional, à medida das duas irmãs mais bonitas da música actual, e o tema com o antony - não sou tendencioso, é a mais pura verdade - é o mais bonito. aliás, talvez se lembrem da canção, foi cantada pelas cocorosie e pelo antony na visita que nos fizeram no ano passado (duas noites no porto, uma noite em lisboa).
11.6.05
in gowan ring
b'eirth, auto-retrato, feito em 2001 em montesinho, portugal
o concerto dos a hawk and a hacksaw foi muito bom, ontem, no meu mercedes é maior do que o teu. para umas trinta pessoas mais atentas, a vinda de jeremy barnes ao porto foi mais um dos momentos imperdíveis daquela pequena catedral da música contemporânea.
mas hoje ouço o projecto in gowan ring. amo de paixão o trabalho de b'eirth, que até já andou longamente por portugal. uma música ritual cheia de espírito, como convocação plena dos deuses. regressamos a um tempo de coisas aladas, de céus carregados de cores, vozes de afinação infinita para honrar a dádiva da condição humana. b'eirth, casa comigo, por favor
10.6.05
a hawk and a hacksaw
tocam esta noite no meu mercedes. a não perder este senhor, também dos lindos neutral milk hotel
8.6.05
velha a branca
7.6.05
respondo ao repto do ricardo:
um. total music volume in my computer:
cerca de 300 albuns. ainda nada comparado com a minha colecção de mais de 2000 cds originais. é um vício, admito.
dois. the last cd i bought:
dois ao mesmo tempo: niobe «voodooluba», e nathan michel «the beast»; ambos edição sonig.
três. song playing right now:
in gowan ring «the wanderer», ao vivo em sintra.
quatro. five songs i listen to a lot lately, or that mean a lot to me:
antony and the johnsons «hope there's someone»
bauhaus «she's in parties»
vashti bunyan «just another diamond day»
mederic collignon, sem título
jonathan bepler «compression prelude»
cinco. people to whom i'm passing the baton:
6.6.05
a vida e o regresso às coisas do sol
braga estava quente esta manhã. pena não ter tido tempo para passar na carbono. mas a conversa com o filipe castro e com o antónio alberto silva foi boa. o antónio juntou-se ao rol de cinco amigos que tenho e que conhecem os current 93. de cada vez que encontro alguém que sabe, com substância, quem são os os current, nem acredito. estou, neste aspecto, habituado a ficar sozinho no mundo.
a viagem ao funchal e a estadia em lisboa foram muito boas. diverti-me e gostei de ver as gentes. tenho sempre espaço para conhecer mais alguém.
andei pelas feiras do livro. prémio, este ano, vai para a do porto que, além de ser coberta e nos poupar ao calor, apresenta uma pequena mas bonita exposição de ilustrações. em lisboa destaco o pavilhão dos pequenos editores. não percebo porque não existe cá em cima. será que os pequenos editores são tão pequenos que os organizadores do porto não os conseguem ver, pergunto. são alguns dos meus favoritos: & etc., angelus novus, frenesi, edições mortas, black sun, entre outros.
ouço ininterruptamente o antony, desde que o vi ao vivo em famalicão no passado dia 30. devo visitá-lo em nova iorque num futuro próximo. estou a convencer-me de que vai acontecer
22.5.05
17.5.05
questionário
respondo ao questionário do momento a convite do meu amigo alexandre. (esta coisa anda em todo o lado, parece um vírus de contágio por amizade.)
não podendo sair do «fahrenheit 451», que livro quererias ser?
seria «a colher na boca» do herberto helder. não me custaria passar o dia a debitar aqueles poemas. na verdade, de vez em quando, pego no livro e leio-o em voz alta. se houvesse de participar no filme, fazendo esse papel, não precisava de muito ensaio.
já alguma vez ficaste apanhadinho por uma personagem de ficção?
os k do kafka são todos impressionantes. lembro-me de sonhar com vários (e com o gregor samsa) nos tempos em que li kafka em jeito de pão nosso de cada dia. um dia sonhei que o agrimensor do «castelo» falava comigo finalmente (eu seria k), e eu entenderia tudo o que me pedia e poderia concluir o longo romance. quando acordei não entendi se esqueci o que me disse, ou se sonhei apenas que me tinha dito sem de facto escutá-lo. fiquei triste. na inconsciência do sonho a felicidade era absoluta.
qual foi o último livro que compraste?
comprei a obra poética do luís miguel nava para oferecer ao poeta espanhol antonio gamoneda. falei longamente com o antonio sobre o nava, que ambos admiramos. ele tem vários livros do poeta português oferecidos pelo próprio, mas não vira ainda a edição da obra completa. o luís miguel nava é um dos meus poetas favoritos. não só o considero um dos três melhores poetas dos últimos trinta anos, como considero um dos mais poderosos da lírica portuguesa de sempre. pode fazer linha com pessoa, herberto, belo e daniel faria.
qual o último livro que leste?
li o novo da inês lourenço, «logros consentidos», numa edição belíssima da & etc. acompanho há muito o trabalho da inês – tive o prazer de editar a recolha da sua poesia nas quasi – e acho que ela acaba de publicar um dos seus melhores livros. estes «logros» são ainda mais distintos, no tom perspicaz e sem concessões que a autora sempre teve.
que livros estás a ler?
agora leio a peça de teatro do rui lage, «não há mais que nascer e morrer», com chancela das edições mortas; leio «no pino do verão», de paulo bateira, numa edição cosmorama, e «juxta crucem tecum stare», de manuel de freitas, numa edição da alexandria. são todos livros muito curtos, de modo que são as leituras do dia. peguei-lhes hoje um pouco à hora do almoço e devo retomá-los para terminar antes de dormir.
que livros (cinco) levarias para uma ilha deserta?
«a colher na boca», embora já quase não precise; «naked lunch», do william burroughs; «o castelo», do kafka»; «molloy», do beckett; «o retrato de dorian gray», do oscar wilde. por esta ordem. cada um destes livros é um tratado de estilo, marcando a extensão da escrita, a plasticidade das palavras, o quanto a humanidade se aumenta a partir da arte. concebo a arte um pouco a partir destes pilares; um espaço de invenção sem tréguas, ao mesmo tempo perto e longe da realidade. talvez, ao mesmo tempo, perto e longe da verdade.
a quem vais passar este testemunho (três pessoas) e porquê?
vou passar a três amigos com quem assino um outro blogue: o eduardo pitta, o joão paulo sousa e o jorge melícias.
não podendo sair do «fahrenheit 451», que livro quererias ser?
seria «a colher na boca» do herberto helder. não me custaria passar o dia a debitar aqueles poemas. na verdade, de vez em quando, pego no livro e leio-o em voz alta. se houvesse de participar no filme, fazendo esse papel, não precisava de muito ensaio.
já alguma vez ficaste apanhadinho por uma personagem de ficção?
os k do kafka são todos impressionantes. lembro-me de sonhar com vários (e com o gregor samsa) nos tempos em que li kafka em jeito de pão nosso de cada dia. um dia sonhei que o agrimensor do «castelo» falava comigo finalmente (eu seria k), e eu entenderia tudo o que me pedia e poderia concluir o longo romance. quando acordei não entendi se esqueci o que me disse, ou se sonhei apenas que me tinha dito sem de facto escutá-lo. fiquei triste. na inconsciência do sonho a felicidade era absoluta.
qual foi o último livro que compraste?
comprei a obra poética do luís miguel nava para oferecer ao poeta espanhol antonio gamoneda. falei longamente com o antonio sobre o nava, que ambos admiramos. ele tem vários livros do poeta português oferecidos pelo próprio, mas não vira ainda a edição da obra completa. o luís miguel nava é um dos meus poetas favoritos. não só o considero um dos três melhores poetas dos últimos trinta anos, como considero um dos mais poderosos da lírica portuguesa de sempre. pode fazer linha com pessoa, herberto, belo e daniel faria.
qual o último livro que leste?
li o novo da inês lourenço, «logros consentidos», numa edição belíssima da & etc. acompanho há muito o trabalho da inês – tive o prazer de editar a recolha da sua poesia nas quasi – e acho que ela acaba de publicar um dos seus melhores livros. estes «logros» são ainda mais distintos, no tom perspicaz e sem concessões que a autora sempre teve.
que livros estás a ler?
agora leio a peça de teatro do rui lage, «não há mais que nascer e morrer», com chancela das edições mortas; leio «no pino do verão», de paulo bateira, numa edição cosmorama, e «juxta crucem tecum stare», de manuel de freitas, numa edição da alexandria. são todos livros muito curtos, de modo que são as leituras do dia. peguei-lhes hoje um pouco à hora do almoço e devo retomá-los para terminar antes de dormir.
que livros (cinco) levarias para uma ilha deserta?
«a colher na boca», embora já quase não precise; «naked lunch», do william burroughs; «o castelo», do kafka»; «molloy», do beckett; «o retrato de dorian gray», do oscar wilde. por esta ordem. cada um destes livros é um tratado de estilo, marcando a extensão da escrita, a plasticidade das palavras, o quanto a humanidade se aumenta a partir da arte. concebo a arte um pouco a partir destes pilares; um espaço de invenção sem tréguas, ao mesmo tempo perto e longe da realidade. talvez, ao mesmo tempo, perto e longe da verdade.
a quem vais passar este testemunho (três pessoas) e porquê?
vou passar a três amigos com quem assino um outro blogue: o eduardo pitta, o joão paulo sousa e o jorge melícias.
perry blake e poesia em vila do conde
dvd do perfeito matthew barney
perry blake amanhã em famalicão.
na sexta e sábado, poesia em vila do conde:
dia 20
tarde
15,00 horas- abertura do encontro
15,45 horas- 1ª mesa traduzir/trair
frederico lourenço
pedro tamen
josé mário silva
moderador – josé carlos vasconcelos
16,30 horas- intervalo
16,45 horas- 4 poetas, 4 livros, leituras
josé luís peixoto
eduardo pitta
josé maria silva couto
valter hugo mãe
moderador – marta miranda
dia 21
manhã
10,30 horas – visita guiada a vila do conde – rotas d ‘escritas
tarde
14,30 horas - homenagem a papiniano carlos
com a presença de carlos pinto coelho
viale moutinho
emídio ribeiro
15,30 horas – um livro por traduzir
margarida vale de gato
josé mário silva
jorge fazenda lourenço
fernando echevarria
moderador – pedro mexia
16,45 horas – 4 poetas, 4 livros, leituras
rui reininho
maria do rosário pedreira
isabel sá
pedro mexia
moderador – valter hugo mãe
noite
21,30 – sarau de poesia – alfândega régia
sindicato da poesia
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